Dados sugerem que variante achada no Amazonas tem transmissão veloz

Os efeitos da BE.9 ainda são incertos no resto do Brasil

Por A Voz da Região em 16/11/2022 às 09:23:14
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A Fiocruz identificou o surgimento de uma nova subvariante do coronavírus no Amazonas. Chamada de BE.9, trata-se de versão da Ômicron que avançou nas últimas semanas e, segundo pesquisadores, "fez ressurgir a covid-19 no Amazonas" - o Estado chegou a ser o epicentro da pandemia no País no início do ano passado.

No resto do Brasil, os efeitos da BE.9 ainda são incertos, embora haja cenĂĄrio de alta de casos em grande parte dos Estados. Especialistas ouvidos pelo Estadão dizem que informações preliminares sugerem que essa nova versão possa ser mais transmissível.

Eles reforçam ainda a importância de completar o esquema vacinal - incluindo buscar a 3ÂȘ e a 4ÂȘ dose de reforço. Outro cuidado é o uso de mĂĄscara em locais fechados.

"É muito importante que monitoremos de perto a BE.9, pois jĂĄ vimos que ela fez ressurgir a covid no Amazonas e não sabemos se ela poderĂĄ fazer o mesmo no resto do Brasil", alerta o pesquisador Tiago GrĂ€f, da Rede Genômica da Fiocruz, em nota. A subvariante foi identificada após a Fiocruz Amazonas sequenciar mais de 200 genomas do do vírus em setembro e outubro.

Ao Estadão, o virologista Felipe Naveca, que coordena o grupo de pesquisadores que fez as anĂĄlises, explica que a BE.9 surgiu a partir da evolução de outra sublinhagem da Ômicron: a BA.5.3.1, que foi detectada pela primeira vez no Amazonas em junho. Desde então, os pesquisadores da Fiocruz começaram a acompanhĂĄ-la e observaram que ela estava acumulando uma série de mutações, principalmente a partir de setembro.

Naveca conta que a maior mudança ocorreu quando o vírus acumulou mutações em trĂȘs posições da proteína Spike - pedaço do vírus que se prende à célula humana. "São mutações que aumentam a transmissão", explica. "Justamente quando o vírus acumula essas trĂȘs mutações, ele dĂĄ um salto. Passamos a ter 94% das amostras sequenciadas até o fim de outubro como da linhagem BE.9", afirma.

Esse avanço, continua Naveca, acarretou em um aumento rĂĄpido de infecções no Amazonas ao longo do mĂȘs passado. Dados da Fiocruz apontam que, no período recente, a média móvel de diagnósticos positivos subiu de aproximadamente 230 para mais de mil registros por semana no Estado.

As ocorrĂȘncias graves, por outro lado, não avançam em igual proporção. "Isso nos indica que hĂĄ imunidade por conta das vacinas e também uma imunidade híbrida, por conta de infecção natural", diz. Segundo Naveca, trata-se de uma indicação positiva em relação à eficĂĄcia dos imunizantes sobre a nova subvariante.

Cautela

Professor da Universidade Feevale, o virologista Fernando Spilki destaca que o avanço rĂĄpido da subvariante no Amazonas requer precaução. "Esse quadro ainda não se repete na mesma magnitude em outras regiões, o que deve ser questão de tempo", afirma.

Isso porque, explica ele, o "aumento na participação percentual no Amazonas é indício de transmissibilidade alta", embora essa questão e o escape parcial de anticorpos ainda estejam sendo mais estudados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Fonte: A Voz da Região / Noticias ao Minuto

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