Aos 5 anos de idade, a pequena Mell Maria Pinho Araújo Rego dos Santos se recupera do segundo Acidente Vascular Cerebral (AVC), sofrido há cerca de 15 dias, como consequência da anemia falciforme.
A menina está internada no Hospital Estadual da Criança (HEC). Segundo a mãe de Mell, a publicitária Ana Carolina Rego, de 30 anos, a filha já consegue caminhar com ajuda, fala normalmente e aos poucos reconquista a autonomia dos movimentos.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Ana Carolina relatou as dificuldades que a filha vem enfrentando e a necessidade de receber transfusões de sangue periodicamente. O tratamento começou após Mell ter o primeiro AVC no ano passado.
"Ela sempre fez o tratamento com a medicação. E em 2022, ela teve um AVC, que é proveniente da anemia falciforme. Agora o tratamento que a Mell faz para evitar novos AVCs atribuídos à anemia falciforme é a transfusão de sangue mensal. Todos os meses ela faz transfusão de sangue, é um tratamento que não pode parar. Ela teve o segundo AVC mesmo fazendo, imagine se ela não fizesse, mas também vamos buscar outras respostas quanto à parte neurológica para saber se tem correlação ou não", explicou a publicitária.
Como Mell necessita de transfusões mensais de sangue do tipo A positivo, a família pede o apoio da comunidade feirense e também de outras cidades para que a filha continue o tratamento, que irá diminuir o intervalo para cada 3 semanas, conforme recomendação médica.
"A gente pede doações de todos os tipos de sangue, porque sabemos que não é só a Mell que precisa. Por mais que a Mell tenha o sangue tipo A positivo, a gente pede para todas as pessoas que puderem que façam a doação. Temos o Hemoba de Feira de Santana, na Maria Quitéria, no cruzamento com a Presidente Dutra. E quem não é de Feira e é de Salvador pode doar no Hemoba de lá. Se quiser doar no nome dela, é só informar que é para Mell Maria Pinho Araújo do Rego, paciente do Hospital Estadual da Criança. Ela é feita a cada 30 dias, mas a médica informou que irá diminuir o tempo para de 3 em 3 semanas", explicou a mãe.
Conforme Ana Carolina do Rego, o diagnóstico da anemia falciforme veio quando Mell ainda era recém-nascida, através do teste do pezinho e em seguida o exame de eletroforese de hemoglobina, que acusou a versão mais agressiva da doença na menina.
"A anemia falciforme consiste em dores nas articulações, então o primeiro sinal apareceu quando ela tinha seis meses, quando os dedinhos da mão começaram a inchar. O primeiro dedinho quando inchou, a gente achou que tinha quebrado e levamos ao ortopedista, só que não era isso, era a anemia falciforme mesmo. O dedo inchou muito e a gente se perguntou o que era. Como ela era muito pequena, achamos que ela podia ter apertado em algum lugar, e depois quando estávamos fazendo o acompanhamento no Centro de Referência da Anemia Falciforme, elas me explicaram que os primeiros sinais poderiam ser esses, então associei com o que estava acontecendo com ela", contou a mãe ao Acorda Cidade.
Ana Carolina também tem a anemia falciforme, só que na versão mais branda, e por isso já conhecia a doença.
"Tenho a anemia falciforme e meu irmão também. Quando minha descobriu, meu irmão mais novo tinha 3 anos e eu tinha 9. Então ela começou a estudar mais sobre o assunto, para cuidar da gente, então eu convivo com a anemia faciforme desde criança, só que a nossa versão é um pouco mais suave que a da Mell. Com o acompanhamento do Centro de Referência e o exame de eletroforese de hemogobina, a gente já sabia que a doença seria uma forma mais agressiva. Mas existem pessoas que vivem bem, fazendo o tratamento correto, tomando as medicações, para evitar as infecções, e o ácido fólico para manter a imunidade dela sempre boa. E foi justamente lá no Centro de Referência que a gente conseguiu ter esse apoio para ela conviver bem com a doença", relatou.
Com a transfusão de sangue, Mell Maria também tem a possibilidade de realizar a renovação de parte do sangue, recebendo hemácias sadias, diminuindo os efeitos da doença.
"O sofrimento maior é por causa das internações, que eu não passei tanto, mas a Mell é internada desde os cinco meses de vida, pois quando baixa a imunidade, qualquer tipo de infecção você acaba pegando, então ela já teve infecção urinária, pneumonia, então sempre tem que internar, porque a doença agrava muito rápido em quem tem anemia falciforme. A pior parte são esses internamentos. Fora isso, a gente convive bem e precisamos continuar fazendo com que a Mell viva a vida dela, como ir à praia, ir à escola e ter amigos", salientou.
De acordo com a enfermeira Luciana Souza Lima Brito, coordenadora do programa de apoio a pessoas com doença falciforme de Feira de Santana, a doença é hereditária em que os glóbulos vermelhos assumem a forma de uma foice.
"A doença tem como características alteração dos glóbulos vermelhos do sangue. Por se tratar de uma doença hereditária, onde os pais precisam ter na sua genética ou a doença ou o traço, então, desde o nascimento até a fase adulta, uma vez que nasça com a doença falciforme, irá conviver com este diagnóstico. Não há diferença entre o adulto e a criança. O que acontece é que em certas fases a doença se agrava mais", explicou Luciana Brito.
Os sintomas da anemia falciforme são olhos amarelados; dores nas articulações ; lesões crônicas nas pernas, dentre outros. O tratamento é feito através de medicações e do autocuidado.
"O alerta para os pais é que eles fiquem atentos aos sinais de crise, evitando que esta criança ou adulto piore. Feira de Santana tem o programa que atende a população feirense dando toda assistência ambulatória. Temos especialistas tais como: hematologista, neurologista, nefrologista, ortopedista, clínico, toda equipe com enfermeiros, assistente social, nutricionista, psicóloga. E realizamos os exames ecocardiograma e Dopller Transcraniano", informou a enfermeira.
Fonte: avozdaregiao/ acordacidade.com.br