No primeiro semestre deste ano foram realizadas 499 doações de órgãos na Bahia, um avanço quando comparado ao ano passado, em que foram doados 401. O crescimento em números simboliza um desenvolvimento positivo na percepção pública em relação à importância da doação de órgãos.
Na verdade, esses números são apenas uma amostra que aponta para a tendĂȘncia mais ampla ao redor do Brasil nos últimos anos, à medida que, segundo o Ministério da Saúde, no ano passado foi registrado o maior número de transplantes de órgãos em 10 anos, com 6.766 transplantes realizados em todo o país.
O Registro Baiano de Transplantes, um relatório lançado anualmente pelo Programa Estadual de Doação e Transplantes de Órgãos da Bahia, que monitora dados como o número de doadores, transplantes realizados e tipos de órgãos transplantados, mostra um pulo de 4,2% no número de doadores efetivos entre a população baiana, de 2022 para 2023.
Porém, dados do primeiro semestre de 2024 indicam um aumento de 17% no número de pacientes na lista de espera no Estado. Com os órgãos mais procurados para transplante sendo o rim, com 3.038 pessoas na lista de espera(1.942 pacientes), as córneas (1.505) e o fígado (40).
Além disso, denota o principal desafio na efetivação de doadores, a recusa familiar para a doação de órgãos, que sofreu uma baixa no percentual médio. Enquanto a média de janeiro a maio de 2023 foi de 78,25%, no mesmo período de 2024, esse número caiu para 57,8%, em uma queda de aproximadamente 20%.
"É um processo de conscientização da sociedade, a organização dos serviços de transplante, um processo que temos trabalhado que é a interiorização dos transplantes no estado, esse conjunto de fatores tem levado ao aumento no número de doações e transplantes.", explica o Dr. Eraldo Salustiano de Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplante(Coset).
Este progresso não é por acaso, pois devido ao apoio e cooperação de diversas empresas de transporte, foi possível a realização do projeto de interiorização do programa de transplante de órgãos, disponibilizando o procedimento em todas as regiões da Bahia, com o Hospital Geral Clériston Andrade, o Hospital Geral do Estado e o Hospital Geral de Vitória da Conquista sendo as unidades com o maior número de doações do Estado.
"Estamos em uma atividade intensa de organização de cursos e treinamentos de capacitação, temos trabalhado muito com os profissionais de saúde. Cada vez mais se consolida como política pública do Estado, com o objetivo de atender as pessoas que hoje estão aguardando por um transplante.", afirma Moura.
O otimismo é justificado, dado o investimento em diversas campanhas voltadas à educação das pessoas sobre o processo de doação de órgãos, através de ações como o acolhimento e entrevista familiar, bem como ao esforço para disponibilizar transplantes a parcela da população que tem o menor acesso a tratamento médico.
Fonte: A Voz da Região