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QUEDA EM VENDAS

Eliminação do Brasil na Copa derruba a venda de produtos temáticos em até 70%

Mercadoria encalhada reduz em 15% projeção de arrecadação para o comércio durante o Mundial


Foto: Divulgação

Uma semana após a Seleção Brasileira ter sido eliminada da Copa do Mundo do Catar, diante da Croácia, a loja de variedades Supermercado de Festa, na Rua do Paraíso, no centro de Salvador, ainda recebe lotes de produtos temáticos para serem vendidos aos torcedores. O problema, no entanto, é que os pedidos foram feitos quando o Brasil ainda estava na disputa. Agora, com a queda nas quartas de final, as vendas caíram 70% e as mercadorias estão "encalhadas" nas prateleiras.

Conforme a Seleção avançava no Mundial, mais produtos foram sendo comprados, segundo a vendedora Louise Dantas, 21 anos, que trabalha no local há quatro. A expectativa de levar o hexa era grande entre os proprietários, assim como a lucratividade com a vitória. Mas a bonança durou pouco.



"O investimento seguiu a esperança. Nas primeiras semanas vendemos muito, ao ponto de vários produtos esgotarem. Para não deixar o público em falta, fomos repondo. O que mais saiu foram os artigos decorativos, como bandeiras e vuvuzelas. Os acessórios também tiveram uma boa saída na época", detalha.

Ainda segundo ela, até a semana passada, o estabelecimento estava tomado por produtos nas cores verde e amarelo. Mas, hoje, conta com menos de uma sessão. Para não ficar no prejuízo, o excesso de mercadorias será devolvido às fábricas. Já as que seguem nas prateleiras serão mantidas até o fim do mês para serem vendidas aos poucos clientes que estão comprando com o objetivo de decorar aniversários.

Especificamente para a Copa do Catar, a expectativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), com base no levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio, era de que o faturamento do varejo baiano chegasse a R$ 49,3 milhões, o maior previsto entre os estados do Nordeste.

Em todo o país, o número esperado chegou a R$ 1,48 bilhão, percentual 8% acima do volume registrado na Copa de 2018, que ocorreu na Rússia e movimentou R$ 1,37 bilhão. Na época, as maiores vendas foram registradas no ramo de eletrodomésticos - com R$ 535,5 milhões arrecadados -, seguido dos eletroeletrônicos e artigos pessoais, com R$ 332,6 milhões.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Fábio Motta, ainda não é possível afirmar qual setor mais arrecadou na Bahia com o varejo destinado a Copa, mas já se pode dizer que a derrota brasileira representa uma redução de 15% no faturamento esperado para este período no setor de bens não-duráveis, como roupas, calçados, acessórios e decorações. "Acaba sendo uma perda, não só pelo investimento para formar um estoque, mas também pelos investimentos adicionais para renová-lo a cada vitória da Seleção", explica o gestor.

Drible no prejuízo
Ainda na Rua do Paraíso, os adereços vendidos na loja de fantasias Festa Fashion também encalharam na última semana. Entre os produtos mais vendidos até a data trágica estavam a peruca de moicano verde e amarelo e o chapéu estampado com a bandeira nacional. Os mesmos que, agora, quase não são comprados pelos clientes.

Os dois custam R$ 10 desde o início das vendas, pois baixar os preços não seria uma opção vantajosa para o estabelecimento. Como é uma loja menor, também não será possível devolver os produtos à fábrica. Por isso, os proprietários pretendem manter o que sobrou até o final da Copa, no domingo. Depois, eles guardarão o estoque para expor em outra data oportuna.

Já a vendedora de roupas Patricia Santos Coelho, 46 anos, que tem uma loja na Avenida Joana Angélica, preferiu adotar a estratégia de baixar os preços para liberar o que sobrou e dar lugar às vendas natalinas. A camisa do Brasil, que custava R$ 30, passou a ser vendida por R$ 15. Assim como as peças, os acessórios com as cores da bandeira também foram postos em promoção.

A vendedora Patrícia Santos Coelho que tem loja na Avenida Joana Angélica (Foto: Paula Fróes/ CORREIO)

"O povo se revoltou com a derrota e sumiu. Mas como só teremos chance de ter uma venda expressiva [desses produtos] como foi a desse ano, na próxima Copa, preferi reduzir os valores para não sair tão no prejuízo, com queda de 40% nas vendas", lamenta.

O comunicólogo Wandel Cerqueira, 23 anos, acreditando na conquista do hexa, chegou a comprar uma camisa nova em uma loja online. Mas como a entrega do produto atrasou e a nova previsão estava marcada para a final da Copa, ele cancelou a compra após a eliminação da seleção brasileira.

Para ele, apesar do custo benefício na aquisição do produto, que custou R$ 90 - comparado ao preço de R$ 299,99 da oficial -, o valor pago não compensaria a decepção pela derrota do Brasil. "Eu só pedi reembolso porque a seleção perdeu. Eu fiquei muito chateado e falei: "Ah, não quero mais não"", disse Wandel.

A Voz da Região / Correio24horas

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