Internações por doença respiratória no Brasil crescem quase 20% em meio a Covid não diagnosticada

Baixa testagem, casos leves e confusão com outras infecções respiratórias comuns nesta época fazem com que coronavírus passe despercebido em serviços de saúde

Por A Voz da Região em 01/06/2022 às 16:17:14
Covid-19 volta a ser motivo de alta de internações em UTIs no Brasil BRENO ESAKI/AGÊNCIA SAÚDE

Covid-19 volta a ser motivo de alta de internações em UTIs no Brasil BRENO ESAKI/AGÊNCIA SAÚDE

A poucas semanas do inverno em boa parte do Brasil, época de maior disseminação de vírus respiratórios, o país enfrenta uma temporada de casos leves de Covid-19 não diagnosticados, seja por sintomas que passam despercebidos pelos próprios pacientes ou pela falta de testagem nos serviços de saúde. Entretanto, na outra ponta, pessoas mais vulneráveis, mesmo vacinadas, estão sendo mais hospitalizadas com a doença.

Dados oficiais mostram uma alta de 73% da média móvel diária de novos casos em 31 de maio (26 mil) na comparação com o início do mês.

Ainda assim, o patamar é considerado "irreal" pelo vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e chefe da infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu, Alexandre Naime Barbosa.

"A gente suspeita que menos de 50% dos casos sintomáticos estejam sendo testados."

O mais recente boletim InfoGripe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), divulgado nesta quarta-feira (1º) aponta para uma estimativa de 7.200 internações por Srag (síndrome respiratória aguda grave) em todo o país entre 22 e 28 de maio — eram 6.100 na semana anterior (alta de 18%). Deste total, 59,6% estão associados à Covid-19.

Para o coordenador do InfoGripe, o pesquisador Marcelo Gomes, vivemos "um cenário em que corremos um risco muito grande de ter um inverno, de novo, com valores significativos de internações". O InfoGripe compila dados sobre doenças respiratórias no país.

Ele faz uma comparação com o dezembro de 2021 e janeiro deste ano, quando a entrada da variante Ômicron do coronavírus no país, associada a um relaxamento das medidas de proteção, provocou uma elevação do número de novos casos, mas sem reflexo nas internações.

"Foi o grande teste de fogo da vacina. Naquele momento, o público de idade mais avançada tinha a dose de reforço em dia. No restante da população, não. Só que para os jovens adultos a segunda dose era relativamente recente. Agora não é. Tirando o grupo dos idosos, a adesão à dose de reforço está muito baixa. Aí é um risco, podemos ter um inverno diferente, a população de modo geral não abraçou a vacinação por diversos motivos", explica Gomes.

Em relação à vacina, também cabe ressaltar que quatro em cada dez brasileiros aptos ainda não tomaram a dose de reforço. Indivíduos com esquema incompleto (com apenas uma ou duas doses) ou não vacinados correm risco de evoluir para quadros graves de Covid-19.



Fonte: A Voz da Região / R7.com

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