Na ansiedade para aproveitar o verão e curtir o Carnaval, não são poucas as pessoas que recorrem a métodos tidos como milagrosos para emagrecer. A compulsão por um corpo sem gorduras e sarado ocorre para entrar no padrão enaltecido sobretudo nas redes sociais, onde influenciadores posam com peças de roupas com a menor medida possível. Para alcançar as mesmas métricas, há quem aposte no uso de esteroides, anabolizantes e chip da beleza, substâncias que podem reduzir o peso e definir a musculatura, tendo como grande preço a saúde de quem faz uso delas.
Segundo o endocrinologista Osmario Jorge de Mattos, atualmente há uma necessidade de imediatismo por parte das pessoas que querem emagrecer. Aliado a isso, o maior acesso a medicamentos que vendem a solução para essa demanda configura um grave problema de uso abusivo de drogas medicinais nocivas à saúde. Ele cita, além dos esteroides e anabolizantes, os medicamentos que foram feitos para o tratamento de diabetes como parte desse grupo de substâncias usadas inadequadamente para emagrecer.
"Os mais usados atualmente são as incretinas, remédios que foram lançados para tratar diabetes e estão sendo muito pesquisados para tratar obesidade, como o Ozempic, que ajuda a perder o apetite. Quando chega no verão, as pessoas fazem uso desse medicamento, a droga causa efeitos colaterais, faz perder peso, prejudica a saúde e quando tentam parar de usar, a falta da substância causa um rebote violento de peso", explica.
Já os anabolizantes, utilizados por aqueles que querem aumentar rapidamente a massa muscular e reduzir a gordura do corpo, podem aumentar a chance de trombose, hipertensão, infecção da aorta, apneia do sono e prejudicar gravemente o fígado. "Se for usado mais do que um ano, é dificílimo parar o uso de anabolizantes. Com o hormonal bloqueado, porque a substância inibe os hormônios do homem e da mulher, as pessoas quando param se sentem muito mal e voltam a tomar, caindo em um ciclo vicioso. Não se deve tomar anabolizantes nunca", frisa Osmario Jorge de Mattos.
Pós-graduada em Endocrinologia, Jacqueline Kalil chama atenção para o "kit beleza", que engloba o universo dos anabolizantes, esteroides e o chip da beleza e podem levar à morte em alguns casos. "Podem trazer problemas hepáticos e renais, problemas na coagulação do sangue, facilitando eventos tromboembólicos, sobrecarga cardíaca com risco de insuficiência cardíaca e infarto, excesso de acne, queda de cabelo, irritabilidade e agressividade, infertilidade, aumento de clítoris e engrossamento de voz. Alguns desses sintomas são irreversíveis e podem levar a morte", alerta.
Ela acrescenta ainda que um emagrecimento correto envolve mudança de hábitos de vida. "A forma certa de emagrecer inclui um exercício físico regular — preferencialmente que envolva trabalho muscular, uma diminuição do consumo de calorias e manutenção da qualidade alimentar —, o que geralmente necessita de acompanhamento nutricional, e descanso adequado, geralmente alcançado com boas noites de sono. O resto é coadjuvante", garante.
Para a nutricionista Michelle Costa, no que se refere à alimentação, o básico já satisfaz. "A alimentação que auxilia num processo saudável de emagrecimento é o básico, como um arroz, feijão e salada, legumes, beber água adequadamente. 35 mL de água para cada quilo de peso é a quantidade diária de água que cada pessoa deve beber. Só beber água corretamente já faz as pessoas desincharem, porque não vão reter líquido, deixa a pele mais bonita e faz o intestino funcionar melhor", afirma.
Fonte: Correio