Em 2023, a exportação de frutas para o exterior pelo Terminal de Contêineres de Salvador (Tecon Salvador) registrou crescimento de 304% em comparação ao volume atendido no mesmo período do ano passado. Dentre os produtos escoados, uva e manga foram os destaques da Bahia, assim como o limão do norte de Minas Gerais, que tiveram como principal destino os Estados Unidos e países do continente europeu, como Inglaterra, França, Espanha, Portugal e Holanda.
De todos os países acima citados, Demir Lourenço, diretor executivo da Tecon Salvador, destaca que o principal parceiro comercial da fruticultura em Salvador são os Estados Unidos. Ele aponta que o interesse do país norte-americano, assim como os países europeus, se dá em razão do tipo da fruta exportada, que ocupa um nicho de mercado que ele classifica como interessante.
"A exemplo do limão e da manga, elas são frutas tropicais, que não são produzidas nesses países. O que acaba acontecendo é que, apesar de estarmos mais distantes da Europa e dos Estados Unidos em relação a outros exportadores, nossa safra se adapta a um período em que eles estão em entressafra, então é o momento que se torna mais interessante exportar", pontua.
Conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), somente neste ano o Brasil exportou 187,4 mil toneladas de manga e gerou 193,8 milhões de dólares de receita de exportação. Os municípios baianos produtores de manga contribuíram com 47% do total do volume e com 48% da receita de exportação.
No caso da uva de mesa, o Brasil exportou 35,7 mil toneladas e gerou 87,8 milhões de dólares de receita de exportação. Os municípios baianos produtores de uva contribuíram com 32% do total do volume e com 30% do total da receita de exportação.
Os três países que mais consumiram a manga foram Holanda (34,880 milhões de dólares de receita), Estados Unidos (24,944 milhões de dólares) e Espanha (14,483 milhões de dólares). No caso da uva, os três países que mais consumiram a fruta exportada pela Bahia foram os Estados Unidos (9.987 milhões de dólares de receita), seguido da Holanda (7,105 milhões de dólares) e Reino Unido (6,586 milhões de dólares).
João Ricardo Lima, doutor em Economia e pesquisador da Embrapa Semiárido com atuação no Observatório da Manga e Uva, faz a ressalva de que a Holanda é apenas o porto de entrada das frutas, que depois são reexportadas para outros países da Europa. Para ele, o interesse desses países no consumo das frutas brasileiras também se deve ao período de produção safras, como anteriormente apontado por Demir Lourenço.
"No Vale do São Francisco se tem a possibilidade de produzir em todos os meses do ano. Este ano, devido a questões climáticas, vários países tiveram quebra de suas safras e isto fez com que aumentasse a demanda de mangas e uvas do Brasil", reitera.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro