Uma importante candidata à vacina contra a chikungunya se mostrou eficaz e segura após aplicação de uma única dose. Os resultados da fase 3 do ensaio clínico referente à VLA1553, imunizante desenvolvido pela farmacêutica Valneva Áustria GmbH, foram publicados na segunda-feira (12) no periódico científico Lancet.
A vacina foi testada em um grupo de 4.128 adultos saudáveis, sem histórico de chikungunya, em 43 diferentes regiões dos Estados Unidos. Por protocolo, foram analisados os resultados de 362 participantes, 266 dos quais receberam a dose de VLA1553 e 96 um placebo, substância sem qualquer efeito ao organismo.
Após a aplicação de uma única dose, foi verificada resposta imune em 98,9% das pessoas vacinadas 28 dias após a aplicação, independentemente da idade do paciente.
O imunizante em análise apresentou segurança semelhante a outras vacinas licenciadas e igualmente bem toleradas em adultos, jovens e idosos. "Apenas dois eventos adversos graves foram considerados relacionados ao tratamento com VLA1553 (uma mialgia leve e uma síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético). Ambos os participantes se recuperaram totalmente", diz o artigo.
Segundo o Instituto Butantan, por praxe, depois da obtenção dos resultados da fase 3, um fabricante deve pedir a autorização de uso junto ao órgão regulador, que no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se a vacina for considerada segura e tiver eficácia comprovada de 50% ou mais, ela pode ser considerada para aplicação na população.
O Butantan atua em parceria no desenvolvimento da vacina que, até o momento, é a única que chegou à fase três de dos ensaios clínicos. A Valneva e o Butantan fecharam um acordo para que o imunizante também seja fabricado e comercializado no Brasil.
Por aqui, o ensaio clínico da fase 3 é conduzido em centros de pesquisa em Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Recife (PE), Laranjeiras (SE), São Paulo e São José do Rio Preto (SP).
A chikungunya é uma arbovirose detectada no Brasil a partir do segundo semestre de 2014. O vírus é transmitido pela picada das fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti. Os sintomas mais comuns são febre, dores nas articulações, erupções avermelhadas pelo corpo, dor de cabeça, náusea, entre outros.
Em 2023, até maio, 34 pessoas morreram em decorrência da doença no Brasil.
A Voz da Região / CNN Brasil