Altitude, clima favorável e manejo. Essas são só algumas condições que colocaram 11 marcas de café produzidos na Chapada Diamantina na lista dos 30 melhores cafés do Brasil. Realizada pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE), a Cup of Excellence acontece anualmente e é considerada o "oscar" dos cafés especiais.
A posição de destaque do estado no principal concurso de qualidade do mundo é um exemplo de como o mercado de café especial baiano vem aprimorando técnicas e se tornando cada vez mais famoso por onde passa. Entre as marcas baianas que alcançaram essa excelência - todas do município de Piatã - está a Fazenda Tijuco (nota 91,40), tetracampeã da competição ao conquistar o título de melhor café nos anos de 2009, 2014, 2015 e 2022.
Também se destacaram no ranking o Sítio Bonilha que levou o 2º lugar (nota 90,59), a Fazenda Gerais, Fazenda Divino Espirito Santo, Sítio São Sebastião, Sítio Entre Vales, Córrego Seco, Fazenda Capão, Fazenda Cerca de Pedras São Benedito, Fazenda Ouro Verde e a Fazenda Campo Alegre.
Mas o que torna o café baiano tão especial? Quem explica é o curador da Feira Baiana de Cafés Especiais, que acontece no próximo dia 20 de maio, Otto Maia. "Os cafés baianos têm sido cada vez mais procurados nacional e internacionalmente, com resultados de destaque nos últimos concursos realizados no país. Já somos valorizados lá fora, mas na maior parte vendemos a matéria-prima. Agora precisamos nos valorizar, aumentando nosso consumo de café especial torrado, pois assim os produtores têm condições de agregar ainda mais valor ao que produzem", opina o especialista em cafés especiais.
A principal tendência no mercado de cafés especiais é garantir cada vez mais o respeito em toda a cadeia produtiva. "Ou seja, a rastreabilidade do produto, ter identificado no pacote de onde vem o café, quem torrou, quem plantou, o nome da fazenda onde ele foi cultivado, se há responsabilidade ambiental e social nesses processos", complementa.
A próxima Cup of Excellence só deve abrir as inscrições no início do segundo semestre, porém, muitos produtores baianos ainda colhem os frutos positivos desse reconhecimento e já se preparam para a edição 2023. Em setembro, os cafés especiais que concorrem enviam as amostras que passam por uma pré-seleção. No mês seguinte, acontece a fase nacional, onde especialistas do Brasil classificam as 50 melhores amostras. Na fase seguinte, os especialistas internacionais provam os cafés e escolhem os melhores. As marcas participam ainda de um leilão internacional que na última edição chegou a render rende R$ 1,22 milhão a produtores brasileiros.
O café especial é aquele que atinge, pelo menos, 80 pontos na escala de pontuação da Metodologia de Avaliação Sensorial da SCA (Specialty Coffee Association), que vai até 100. Nessa avaliação contam atributos como a fragrância/aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, harmonia, conceito final – esse último se refere a impressão geral atribuída pelo classificador. No leilão mais recente, o café produzido por Antonio Rigno de Oliveira Filho, na Fazenda Tijuco, em Piatã, uma saca leiloada por R$ 29 mil, o que só demostra a dimensão do potencial da região não apenas produzir um café de qualidade, mas, principalmente, em agregar cada vez mais valor ao produto.
A Voz da Região / Correio24Horas