A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, disse nesta segunda-feira (1°/5) que haverá reforço das equipes atuantes na Operação Yanomami, para retirar os garimpeiros do território indígena (TI). Ela ressaltou que a ordem presidencial é para não ceder aos criminosos e que os garimpos ilegais que ainda estão em funcionamento serão desativados.
"O estado brasileiro não vai recuar face à criminalidade. As ações vão ser intensificadas. Vamos reforçar as equipes do Ibama, da PRF, da Polícia Federal, com as Forças Armadas, que é fundamental o suporte logístico, e toda parte operacional para que a gente possa dar uma respostas a altura", declarou.
Marina e Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, explicaram que a intenção é realizar a retirada de forma pacífica, mas que o governo não deixará de fazer uma identificação prévia de todos e distinguir as ações para seguir com os encaminhamentos corretos.
"O que não está acontecendo de forma pacífica não é em função da ação do governo, muito pelo contrário, é em função da ação dos criminosos. Tanto que as barreiras que foram colocadas impedem a entrada, porém não impedem a saída. A saída deve ser feita, como estamos fazendo tem que ser identificado porque se você é alguém que estava na atividade criminosa pela atividade é alguém que cometeu um crime. Não vamos nos esquecer que temos assassinatos, temos estupros, temos uma série de crimes que estão sendo praticados", avaliou Marina.
Em um recado claro ao governador do estado de Roraima, Antonio Denarium (PP-RR), que saiu em defesa dos garimpeiros publicamente algumas vezes, Marina enfatizou que não haver incentivo governamental a uma atividade ilícita e que todos os ministros estão respaldados no direito legal imposto pela Constituição, que se sobrepõe à leis estaduais.
"Considerando que 75% a 80% já saíram, esses que estão ali estão resistindo, eles querem ficar para provocar esses conflitos. O estado não pode insistir em permanecer, apoiar e incentivar a presença e a permanência desses garimpeiros em território Yanomami, porque eu acho que o estado não pode ter como principal atividade econômica uma atividade ilícita", alfinetou.
Providências
Uma comitiva interministerial foi até Roraima para verificar a situação na TI após três indígenas serem alvejados na comunidade de Uxiu. Um deles levou um tiro na cabeça e não resistiu, os outros dois estão internados no Hospital Geral de Roraima em situação estável.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que também foi para Boa Vista, visitou as duas vítimas e mencionou que a questão da segurança é urgente para garantir a assistência médica e hospitalar no território.
"Há uma relação direta e fortíssima entre as condições de segurança e as políticas de saúde, o cuidado com a população Yanomami. O que nós vemos é que já houve antes o fechamento de unidade de saúde por impossibilidade exatamente pela presença do garimpo ilegal e dos conflitos", relembrou.
Na noite de domingo (30), as equipes que foram enviadas ao território foram recebidas em uma comunidade com tiros. A situação levou a morte de quatro garimpeiros, um deles ligado a organização criminosa. Por isso, a Polícia Federal passou a investigar se o grupo que atirou nos indígenas e os que atacaram os agentes têm ligação.
"Os dois inquéritos que foram instaurados estão a cargo da autoridade policial que vai fazer essa análise, ver se há relação entre essas pessoas que estavam nas duas ações. Mas, a gente tem uma investigação que faz sempre uma análise mais ampla para saber se os grupos são financiados pelo mesmo financiador", pontuou o diretor de Meio Ambiente da Polícia Federal, delegado Humberto Freire.
A Voz da Região / Correio Braziliense