Em 48 dias de protestos, desde o autogolpe frustrado do líder esquerdista Pedro Castillo, o Peru registrou 46 mortes diretamente relacionadas à convulsão social. Na tentativa de aplacar a tensão política, a presidente Dina Boluarte — que assumiu o poder depois da destituição e da prisão de Castillo — aproveitou uma entrevista à imprensa estrangeira para fazer um chamado à "trégua nacional". "Convoco minha amada pátria para uma trégua nacional para poder estabelecer mesas de diálogo, fixar a agenda de cada região e desenvolver nossos povos", declarou. "Não me cansarei de convocar o diálogo, a paz e a unidade." O Peru se preparava, ontem, para mais um dia de violentos protestos, após a chegada de mais caravanas a Lima.
"Era conveniente para Castillo dar um autogolpe de Estado, para se vitimizar e mobilizar todo esse aparato paramilitar e não responder ao Ministério Público pelos atos de corrupção pelos quais está sendo denunciado."
Vice-presidente do Congresso da República e deputada pelo partido Fuerza Popular, Martha Moyano disse ao Correio que concorda com a trégua solicitada por Boluarte, sob a lógica de que os manifestantes apresentarão propostas concretas. "Podemos iniciar uma mesa de diálogo e fazer acordos para conseguir coisas das quais os peruanos necessitam", afirmou, por telefone. Ela denuncia a existência de um grupo que não compactua com o diálogo e exige a instalação de uma Assembleia Constituinte. Mas ela não está contemplada em nossa legislação. Uma reforma constitucional deve passar pelo Congresso", advertiu Moyano.
A Voz da Região / Correio Braziliense