Grandes grupos de educação reduziram o número de vagas na modalidade presencial e até pediram o fechamento de cursos. Uma portaria publicada no Diário Oficial pelo MEC (Ministério da Educação) em agosto autorizou o fechamento de mais de 500 graduações.
De acordo com um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico, foram fechados cursos ligados a Ser Educacional, grupo Cogna, Estácio (da Yduqs) e Cruzeiro do Sul. "Muitos cursos estavam credenciados no MEC, mas nunca funcionaram e houve uma atualização de cadastro, mas é importante notar que há um movimento mais amplo de estudantes que buscam a modalidade EAD (Ensino a Distância)", explica Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil.
Para o vice-presidente da FMU, Manuel Nabais da Furriela, "após a pandemia, houve uma aceleração no setor EAD, as instituições de ensino superior ampliaram o número de vagas e, ao mesmo tempo, houve um aumento na procura por cursos nessa modalidade".
Conforme dados do Semesp, esse aumento pode ser observado no número de novos alunos de 2015 a 2020 em cada modalidade:
- Em 2015: 76,2% dos ingressantes estavam em cursos presenciais e 23,8% em cursos EAD
- Em 2020: 46,7% dos ingressantes estavam em cursos presenciais e 53,3% em cursos EAD
"Os alunos buscam a modalidade EAD por uma questão financeira, o custo com a mensalidade é é menor", observa Furriela. "Com a redução do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) nos últimos anos, muitos viram no ensino a distância uma alternativa para continuar em um curso superior ou para ingressar em uma faculdade."
Ainda de acordo com dados do Semesp, em 2020, 90,5% das matrículas em cursos EAD estavam concentradas em grupos educacionais com mais de 20 mil alunos matriculados.
"Devemos observar que o aluno que escolhe o ensino remoto, no geral, é mais velho, trabalha e precisa ter flexibilidade de horário, e o aluno dos cursos presenciais tende a ser mais jovem", observa Lúcia.
Roberto Marx, diretor de educação e operações da Fundação Vanzolini, ligada à USP (Universidade de São Paulo), observa que para os estudantes mais jovens o curso presencial proporciona mais trocas entre os colegas. "A interação entre os alunos e os professores é maior, o que é tão importante quanto a parte técnica nessa fase da vida."
"Quanto à qualidade do ensino, temos cursos bons e ruins no modelo presencial e remoto. A questão é observar se a instituição é séria, se oferece bons professores e ferramentas para que o estudante possa se desenvolver", conclui.
O R7 entrou em contato com Ser Educacional, que informou que não vai se pronunciar sobre as vagas. Grupo Cogna e Estácio (da Yduqs) não retornaram ao contato. A Cruzeiro do Sul informa "que sua base de alunos presencial e a distância estão em expansão no primeiro e segundo semestre deste ano. A educação a distância (EAD) ganhou força nos últimos anos e tem se tornado o principal protagonista na vida de milhões de pessoas que desejam investir em sua carreira, sem abrir mão de aliar flexibilidade e facilidade de acesso ao aprendizado, à otimização de tempo com reconhecimento garantido no mercado. Para a Cruzeiro do Sul Educacional, a pandemia apenas acelerou uma tendência do segmento já mapeada".
A Voz da Região / R7.com