Número de médicas supera o de profissionais homens pela primeira vez na Bahia

Pesquisa revela que são 15.150 médicas no estado

Por Maysa Polcri em 09/04/2024 às 12:01:53

Pela primeira vez na história, o número de médicas superou o de homens na Bahia. São 15.150 mulheres na profissão, contra 14.461 médicos. Elas representam 51,1% do total de 29.611 profissionais. As informações fazem parte da pesquisa Demografia Médica, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina, na segunda-feira (8).

O levantamento detalhado aponta que apesar de o total de médicas superar o dos homens em 689 profissionais, elas são minoria no interior do estado. Em Salvador, são 9.090 médicas e 7.219 médicos. Já no interior, são 7.242 homens, contra 6.060 profissionais mulheres.

No Brasil, os médicos ainda são maioria (50,08%), mas a tendência é que as mulheres ultrapassem os colegas homens em quantidade nos próximos anos, assim como aconteceu na Bahia. Elas preenchem mais vagas nas universidades e são maioria (58%) entre os profissionais de 39 anos ou menos.

"O ponto de virada ocorreu em 2009. Desde aquele ano, os números revelam a crescente feminização da medicina, com a sustentação dessa tendência ao longo dos anos subsequentes", pontua o Conselho Federal de Medicina. A médica dermatologista Marília Acioli é professora universitária há oito anos e percebe a predominância feminina nas salas de aula.

A pesquisa Demografia Médica mostra a evolução do número de mulheres na medicina. Em 2020, elas eram 11.546 - que representava 47,3% do total de profissionais naquele ano.

"Quando observamos algumas especialidades, percebemos que elas são muito femininas. É o caso da dermatologia e da pediatria, por exemplo. As mulheres se preocupam mais em escolher áreas que ofereçam mais flexibilidade, especialmente pela preocupação com o futuro e a vontade de ser mãe", diz a médica.

A médica Marília Acioli percebe a predominância feminina na universidade
A médica Marília Acioli percebe a predominância feminina na universidade Crédito: Divulgação/Sergio Klavin

Mesmo sendo maioria, as profissionais ainda enfrentam as dificuldades impostas pelo machismo no ambiente de trabalho. A ginecologista Tina Batalha é referência em cirurgia íntima e conta que até os elogios que recebe são fruto do preconceito.

"As pessoas costumam dizer que eu sou tão boa que faço cirurgias "como um homem". Então, ainda é um meio muito difícil. A sensação que tenho é que nós, mulheres, precisamos fazer muito mais para provar que somos boas", diz. Por isso, sempre que pode, Tina dá preferência às colegas mulheres. "A sororidade é muito importante. Se sou convidada para um curso ou palestra, sempre convido colegas mulheres. É assim que nos fortalecemos", completa Tina Batalha.

Fonte: Correio da Bahia

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