O atacante Júnior Santos colocou o nome na história do Botafogo na goleada por 6 a 0 sobre o Aurora pela segunda fase da Conmebol Libertadores. Foi ele o responsável por anotar quatro dos seis gols do time, o que o tornou o maior artilheiro da história do clube na competição.
O feito é dividido com jogadores marcantes do passado distante e recente do clube: Jairzinho, Dirceu e Rodrigo Pimpão. Além disso, o camisa 11 é o único jogador do clube a ter feito quatro vezes em uma única partida do torneio continental.
A história de Júnior Santos é daquelas contadas em uma longa matéria do Esporte Espetacular e que muitas pessoas se inspiram ao ouvir. O atacante é de uma pequena cidade no interior da Bahia chamada Conceição do Jacuípe, de pouco mais de 30 mil habitantes.
Morou por lá até se mudar para Salvador, já com 20 anos, e nunca tinha pensado em virar jogador profissional de futebol. Trabalhou como ajudante de pedreiro junto com um tio enquanto a bola se limitava às partidas na várzea.
Júnior Santos, do Botafogo afirma: "Nunca fui santo. Eu fui uma criança rebelde"
Ele, que começou recebendo 50 reais por jogo, aos poucos foi se destacando e ganhando mais. Até que surgiu a oportunidade de virar profissional em 2017. Hoje, sete anos depois, o atacante vai deixando a marca em um dos maiores clubes do país.
- Eu não acreditei em mim por muito tempo. Me viram potencial com 23 anos, na várzea, e eu joguei. Não ligo para o que falam de mim e que eu não vou conseguir. Não ligo para quem diz que não é possível - afirmou o jogador após a partida.
Comecei a jogar profissionalmente com 23 anos, não imaginava isso
— Júnior Santos
A primeira oportunidade surgiu no Oswaldo Cruz, time do interior de São Paulo. Depois de passar por Ituano e Ponte Preta, chegou ao Fortaleza em 2019 e começou a chamar a atenção nacional e internacionalmente.
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Sob o comando de Rogério Ceni, foi campeão e artilheiro da Copa do Nordeste, disputou a primeira divisão Campeonato Brasileiro e acabou vendido para o futebol japonês. Somente em 2022 voltou ao Brasil ao receber a oportunidade no Botafogo.
Foi naquele mesmo ano que o atacante sofreu o baque de perder o maior apoiador, o pai que sofreu um AVC e faleceu.
- Ele acreditou mais em mim do que eu mesmo. Desde a minha infância, quando comecei a jogar futebol, meu pai sempre foi um apoiador. Não tínhamos condições, e ele dava de tudo para eu estar jogando.
A partir do momento em que eu botei a cabeça no lugar e passei a ouvir meu pai, eu tive a oportunidade de ir para São Paulo. Passei certas dificuldades e quis voltar. Lembro que ele falou comigo que se eu voltasse ele não ia mais falar comigo.
Júnior Santos é o artilheiro do Botafogo em 2024, com oito gols marcados. Mas a boa fase não se limita a esta temporada. Foi ele um dos poucos jogadores que segurou a barra e manteve o bom momento enquanto o time sofria na reta final de 2023.
O atacante marcou gols nas duas últimas vitórias do clube na derrocada que culminou na perda do título do Campeonato Brasileiro. Mesmo sob muita pressão da torcida, não mudou de característica e não perdeu a leveza e a agressividade. Em nenhum momento se escondeu.
- Mano, eu vou errar e tentar fazer novamente. Aos 23 anos, eu fui para São Paulo e ouvi alguém dizer que estava tarde para eu jogar futebol. Mas eu acreditei e consegui. Durante a trajetória vimos muitas pedras pelo caminho, mas temos que ter fé em Deus para vencer as dificuldades - afirmou.
O garoto que até os 23 anos não acreditava que poderia ser profissional é hoje um homem que brilha e entra para a história de um gigante. Os duelos contra o Aurora foram apenas o primeiro passo. Olhos e mente voltadas para o Bragantino, pela terceira fase da Libertadores, a próxima pedra no caminho de Júnior Santos.
Júnior Santos comemora o sexto gol do Botafogo sobre o Aurora, o quarto dele.
Fonte: Globo Esporte