Itens juninos vão ficar ainda mais caros após o São João

Feirantes explicam por que amendoim e milho não terão redução no valor

Por A Voz da Região em 27/06/2023 às 11:50:55

O São João de 2023 já ficou no passado, mas o milho e o amendoim, itens mais procurados nas feiras durante os festejos, ainda seguem nas bancadas. A Xepa Junina, porém, só pode ser chamada assim em Salvador pelo estoque que já é bem menor. Isso porque, quando o assunto é preço, nada mudou. Para que se tenha ideia, dez espigas de milho continuam a sair por valores entre R$ 8 e R$ 10 na Feira de São Joaquim.

Os potes pequenos, médios e grandes de amendoim, que não é vendido a quilo nas feiras, seguem custando R$ 10, R$ 15 e R$ 20, respectivamente. Cenário que desanimou a atendente Gabriela dos Santos, 25 anos, que foi à feira na esperança de economizar. "Não tenho muito costume de fazer feira, mas achei que, depois do São João, tudo ia estar mais barato. Além de ter pouca opção, o preço está a mesma coisa", diz.

Dava para contar nos dedos as barracas que ainda vendiam amendoim e milho. Distribuidor, Djalma Bispo explica o baixo estoque e como ele influencia na manutenção do preço. "Esse ano vendeu demais. Era 150 sacos por dia e saía tudo. Foi fartura e não faltou cliente para comprar. Assim, ficou com pouco estoque. Preço só cai quando tem produto demais e precisam vender pra não perder", afirma.

Quem trabalha com distribuição na Feira de São Joaquim e também na Feira da Sete Portas, garante que, um pouco depois do São João, a tendência é que os valores fiquem mais altos. "É questão de safra mesmo. A do São João, que tem mais demanda, vem mais barata. Agora, quando acaba, fica mais cara e a gente precisa repassar para não ficar no prejuízo", afirma a feirante Raimunda de Jesus.

Raimunda separa amendoins . Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
Raimunda separa amendoins . Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Fernando Silva, 56, já sabe como a banda toca e foi para feira assim que o amendoim acabou em casa. Diferente de Gabriela, ficou feliz ao conseguir encontrar o produto em boa qualidade e no mesmo valor. "Eu sou doido em amendoim cozido. Nessa época de São João, como todo dia. O estoque de lá de casa acabou ontem e eu já vim repôr pensando que ia achar só o resto. Ainda bem que peguei no mesmo preço e com qualidade boa, limpinho", fala.

O distribuidor Denilson Silva aponta que os valores não sobem de maneira exorbitante, mas fazem diferença, principalmente, para quem compra em grande quantidade. "Ainda está saindo dez espigas por R$ 8 e saquinho de amendoim estou vendendo por R$ 15. Logo mais, esse mesmo saquinho de amendoim vai sair até por R$ 30. Já as dez espigas passam a valer R$ 10", prevê.

Questão de logística

Ainda de acordo com Denilson, o aumento está diretamente ligado ao volume do material e o custo para distribuí-lo. "Você tem uma oferta muito maior no processo do São João, chega caminhão toda hora com 150 sacos de amendoim. Agora, o caminhão passa a vir 20 ou 30 sacos. Então, você gasta gasolina, mão de obra e tudo mais para entregar muito menos. O preço precisa subir, não tem jeito", pontua.

Denilson é distribuidor. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
Denilson é distribuidor. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

No caso do transporte em específico, há também o problema de precisar ir em muito mais locais para pegar o produto. É isso que ressalta Djalma Bispo. "No período antes da festa, toda fazenda vai colocar muito amendoim no seu baú. Quando passa, diminui muito e você precisa passar por mais propriedades que vendem para conseguir chegar a 30% do que estávamos fazendo", salienta.

"Ou seja, o caminhão vai rodar mais, o tempo de transporte vai ser maior. Se não aumenta, a conta não fecha", alerta ele. Outro ponto apontado por distribuidores e feirantes é que, passada a época de chuva, os produtores precisam de irrigação artificial para manter a produção de milho. Um equipamento que a maioria das propriedades não dispõe.

A situação faz com que as feiras abasteçam, em sua grande maioria, quem precisa de milho o ano inteiro: restaurantes, mercados e ambulantes que vendem produtos derivados dele.

O projeto São João em todo canto é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Via Bahia e apoio da Larco Petróleo.


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