Um acervo de 144 obras nacionais retornou ao Brasil após passar os últimos 44 anos na Itália. O material pertencia a Embrafilme, uma empresa estatal que atuou produzindo e distribuindo filmes desde a sua fundação, em 1969. Mas com o fechamento do seu escritório no país, em 1979, o acervo foi transferido para a Embaixada do Brasil em Roma. Em 1990, a Embrafilmes foi extinta, e o acervo continuou por décadas na Europa.
No entanto, como explicou Hudson Caldeira, Chefe do Setor Cultural da Embaixada do Brasil em Roma, a devolução do acervo ao solo brasileiro era um desejo antigo que foi adiado devido à complexidade da operação. Antes dos DVD"s e dos streamings, os filmes eram todos armazenados em película, e as 144 obras em questão estão distribuídas em 524 rolos de acetato, tem um peso equivalente a quase duas toneladas. Além do peso, o material é frágil e deve ser transportado com cuidados especiais, em ambiente climatizado.
Uma operação desta complexidade dependia da cooperação e assistência mútua entre diversas agências para poder funcionar. Aproveitando uma viagem do presidente Lula à Roma, houve uma coordenação entre a Embaixada do Brasil em Roma, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC), a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a a Força Aérea Brasileira (FAB), que realizou o transporte dos materiais.
"Uma vitória da cultura neste dia especial! É muito simbólico que no ano que retomamos o Ministério, que os investimentos no audiovisual voltaram, a gente consiga trazer de volta esse valioso patrimônio do cinema nacional. O retorno desse acervo é um reencontro do país com sua própria cultura, com sua memória e sua identidade. Reforça também a importância do trabalho de preservação e de difusão das obras para os estudiosos e os amantes do cinema, que será feito aqui pela Cinemateca Brasileira", comemorou a ministra da Cultura, Margareth Menezes, em nota publicada pelo Ministério da Cultura.
O acervo passará da Ancine à Cinemateca Brasileira. De acordo com a Secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, "os filmes que vieram da Itália logo vão estar disponíveis para sessões, pesquisas acadêmicas e científicas".
Fonte: A Voz da Região / A Tarde