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VÍTIMA OU AGRESSOR?

Vítima ou agressor: como se reconhecer em um contexto de violência familiar?

O site Correio Braziliense usou um questionário produzido pela Secretaria de Justiça com homens e mulheres, para saber se eles identificam os diferentes tipos e graus que a violência pode assumir nas relações afetivas


(crédito: pri-1608-violencia-mulher)

Implementado em fevereiro deste ano, o "violentômetro" é uma ferramenta informativa utilizada como instrumento de prevenção à violência de gênero. Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) — responsável pela criação do "violentômetro" —, ele possibilita que as pessoas identifiquem e reconheçam os diferentes tipos e graus que a violência pode assumir nas relações íntimas de afeto. Usando o material como critério, o Correio foi às ruas do Distrito Federal e fez o teste, tanto com homens quanto com mulheres.

Seis aceitaram participar do questionário: três de cada gênero. Entre elas, todas apontaram condutas de violência contra a mulher, se reconhecendo como possível autor ou como vítima. Apenas uma mulher não se viu no contexto de violência doméstica, mas conseguiu identificar conhecidas que viveram situações listadas na ferramenta. Foi a estudante Emilly Dias, 21. Ela conta que teve apenas um relacionamento na vida, até o momento, mas que ele foi bastante tranquilo.

Sobre a amiga que sofreu abusos, Emilly recorda que ela chegou a mudar completamente o comportamento, deixando até de sair com o grupo de amizade, por conta do namorado. "Tentei alertá-la diversas vezes, mas o próprio namorado fazia a cabeça dela, dizendo que eu não era amiga de verdade, porque estava tentando separá-los", afirma. "Foi nesse momento que ela parou de falar comigo, acabou me enxergando como a inimiga", lamenta. Segundo ela, o casal se separou logo depois.

Traumas

Mesmo a primeira abordagem não sendo de uma mulher que tenha sofrido abuso, não foi difícil encontrar uma história de sofrimento. Antônia*, 21, lembra até hoje de seu primeiro namoro, que deixou marcas profundas. "Fiquei com uma pessoa durante um ano e só fui perceber os sinais de violência no final do relacionamento, que coincidiu com a época que entrei na faculdade e comecei a conhecer novas pessoas. Nesse momento, passamos a ter problemas", conta.

De acordo com ela, o primeiro sinal de que algo estava errado foi o ciúme excessivo. "A gente brigava por tudo: se eu curtisse a foto de alguém nas redes sociais ou o contrário; se eu começasse a seguir um homem ou o contrário. Eu não podia ter amigos", relata. A estudante confessa que foram as amigas quem abriram seus olhos para o relacionamento abusivo. "Acho que se dependesse somente de mim, talvez tivesse demorado um pouco mais para perceber", afirma. Antônia conta que ainda passou por um período em que recebia ligações e mensagens do ex-namorado. "Cheguei ao ponto de ter que bloquear. Ele dizia que ia mudar, mas ainda bem que não dei chance. Não me arrependo da minha decisão", desabafa.

Assim como ela, Angélica*, também de 21 anos, tem um relato de abuso sofrido no passado. Segundo a jovem, um de seus namorados da adolescência era bastante agressivo e chegava a socar portas e armários durante discussões. "Eu era muito nova, tinha 15 anos. Não sabia muita coisa sobre o que poderia representar uma violência ou relacionamento abusivo, mas achava o comportamento estranho", conta. Foi só depois que o namoro terminou — e ela entrou na faculdade —, que Angélica soube, de verdade, pelo que passou.

"Conheci alguns movimentos sociais e me inteirei sobre o feminismo. Foi a partir daí que percebi o que tinha vivido. Eu me senti muito mal quando descobri, mas foi um excelente alerta para mim", destaca. A partir daí, ela nunca mais se deixou viver um relacionamento abusivo. "Atualmente, estou namorando (um mês de relacionamento) e está tudo tranquilo. Não identifiquei nenhum tipo de perigo", ressalta Angélica.

A Voz da Região / Correio Braziliense

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