O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usou um canal no aplicativo de mensagens Telegram para divulgar uma foto da perna do presidente Jair Bolsonaro (PL) no domingo (4).
De acordo com ele, a foto foi "tirada poucos dias atrás" e o presidente está com erisipela, um tipo de infecção bacteriana que atinge a pele e causa uma inflamação.
"Fui informado que nesta fase já estava em processo de recuperação e tudo corre muito bem", informou.
As notícias de que o presidente estava se recuperando de uma ferida na perna começaram a circular logo após o segundo turno das eleições de 2022, em que Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A postagem compartilhada pelo vereador Carlos Bolsonaro no Telegram — Foto: REPRODUÇÃO/TELEGRAM via BBC
Entenda a seguir o que é erisipela, quais são os principais sintomas da doença e como os médicos costumam diagnosticar e tratar esse problema.
Invasão bacteriana
A Associação de Dermatologistas Britânicos explica que o quadro começa com algum ferimento na perna.
É justamente através dessa brecha que algumas bactérias vão entrar no organismo e se instalar nas camadas superficiais de pele e gordura.
E o início da enfermidade não depende de um machucado muito grande: um arranhão, uma picada de inseto ou uma injeção já podem servir como porta de entrada para esses micro-organismos.
Outras possíveis causas da enfermidade são:
- Frieiras;
- Micoses;
- Dermatite atópica;
- Úlceras na pele;
- Inchaços nos vasos linfáticos (conhecidos como linfedemas);
- Consumo excessivo de álcool;
- Doenças que afetam o fígado;
- Obesidade;
- Diabetes mal controlado;
- Problemas imunológicos decorrentes da idade, de doenças ou do uso de medicações específicas.
O Manual MSD informa que as bactérias mais comuns na erisipela são os Streptococcus do grupo A.
Outros agentes que também podem estar por trás do quadro são: Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Haemophilus influenzae, Escherichia coli, entre outros.
A erisipela costuma aparecer nas pernas, na região acima dos tornozelos — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Os sintomas
O Ministério da Saúde explica que os primeiros sinais de erisipela "podem ser aqueles comuns a qualquer infecção: calafrios, febre alta, fraqueza, dor de cabeça, mal-estar, náuseas e vômitos".
As alterações na pele não demoram a aparecer. Nos casos mais simples, elas se manifestam a partir de vermelhidão, inchaço e dor.
Mas alguns pacientes desenvolvem bolhas escuras (amarelas e marrons) ou feridas por necrose (a morte das células da região).
Outro sinal comum de erisipela é um inchaço localizado na virilha, conhecido popularmente como íngua.
A enfermidade costuma aparecer com mais frequência nas pernas, especialmente na região logo acima dos tornozelos, e no rosto.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular calcula que a doença afeta até 15% da população mundial em algum momento da vida.
A enfermidade é mais comum em pessoas acima dos 60 anos, que têm uma maior taxa de problemas de circulação nos vasos sanguíneos e linfáticos.
Vale reforçar ainda que a erisipela não é uma doença contagiosa.
Diagnóstico e tratamento
As características da lesão já são suficientes para um médico reconhecer a erisipela durante a avaliação no próprio consultório.
Em algumas situações, o quadro pode ser confundido com a celulite bacteriana, que também é uma infecção cutânea. A diferença é que o segundo problema acomete camadas mais profundas da pele.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia sugere que "o tratamento deve ser instituído o mais breve possível".
Antibióticos como a penicilina são a base para acabar com as bactérias que estão infectando a pele.
A prescrição depende de uma receita médica — e o tratamento deve ser seguido à risca para evitar recaídas ou a volta da infecção depois de uma melhora inicial.
Além dos remédios, os profissionais de saúde costumam indicar repouso e manter a perna acometida em elevação. Essas táticas são importantes para diminuir o inchaço e acelerar a recuperação.
Em situações mais graves, quando a lesão na pele está muito complicada, os especialistas precisam apelar às cirurgias para remover e drenar as áreas com pus e necrose.
Outro aspecto fundamental do tratamento é lidar com o fator desencadeante da infecção.
Ou seja: o paciente precisa cuidar e controlar frieiras, micoses, inflamações e as outras portas de entrada dos micro-organismos, para evitar novas erisipelas no futuro.
A erisipela também pode aparecer no rosto — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Formas de prevenção
O Ministério da Saúde informa que "crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais".
A principal dica é sempre manter os espaços entre os dedos limpos e secos, tratar adequadamente as freiras e evitar ou cuidar bem dos ferimentos que eventualmente aparecerem na pele.
Por fim, a Sociedade Brasileira de Dermatologia acrescenta que o controle adequado de doenças que podem afetar diretamente a pele ou o processo de cicatrização — como a dermatite atópica e o diabetes — também é fundamental para evitar a erisipela.
A Voz da Região / epocanegocios.globo.com