Pesquisadores identificaram, pela 1ª vez, o genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue no Brasil. A linhagem, que é a mais disseminada no mundo e está presente na Ãsia, no Oriente Médio e na Ãfrica, nunca havia sido encontrada no território brasileiro. O genótipo foi identificado em Aparecida de Goiânia (GO).
A informação foi divulgada na 5ª feira (5.mai.2o22) no portal da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A detecção do genótipo da dengue foi liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Lacen-GO (Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás). A cepa foi identificada em fevereiro a partir de uma amostra de um caso de dengue do final de novembro do ano passado.
De acordo com a Fiocruz, para os pesquisadores, a chegada dessa cepa ao Brasil preocupa, porque existe a possibilidade de ela se disseminar de forma mais eficiente do que a linhagem asiático-americana, também conhecida como genótipo 3 do sorotipo 2, que atualmente circula no país.
A linhagem, no entanto, de acordo com a equipe, não é a responsável pelo surto de dengue em Goiás e tudo indica que ela foi identificada rapidamente, o que pode ajudar no controle dessa cepa.
O Ministério da Saúde informou na última 2ª feira (2.mai.2022) que só nos 4 primeiros meses de 2022, o Brasil já alcança o número de casos verificados de dengue em todo o ano passado. De janeiro a abril, foram registrados 542 mil casos, enquanto em 2021 foram contabilizados 544 mil infectados.
ORIGEM
O achado representa o 2º registro oficial desse genótipo nas Américas, depois de um surto no Peru, em 2019. As análises feitas no Brasil mostram que a linhagem encontrada é semelhante a 2 microrganismos isolados durante o surto registrado na província de Madre de Dios, no Peru.
Porém, ainda não é possível dizer que o genótipo cosmopolita foi introduzido no Brasil a partir do país vizinho. A suspeita é que tenha chegado a partir da Ãsia, por meio de viagens intercontinentais.
Segundo a Fiocruz, as secretarias municipal e estadual de Saúde e o Ministério da Saúde foram comunicados. Os pesquisadores publicaram um artigo na plataforma de pré-print medRxiv.
Os pesquisadores ressaltam que entre as principais ações para conter a disseminação da dengue está a eliminação de depósitos de água parada, que podem se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Além das ações de combate à dengue, os pesquisadores enfatizam a importância de intensificar a vigilância genômica do agravo para mapear a possível circulação da linhagem cosmopolita e compreender melhor as rotas de introdução do vírus no país.
VIGILÂNCIA
A identificação do genótipo cosmopolita do vírus da dengue foi realizada a partir de um projeto de vigilância genômica de arbovírus em tempo real, liderado pelo Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz. Na iniciativa, os pesquisadores se deslocam para os Lacens (Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos estados) e realizam a decodificação de genomas com equipamentos portáteis para sequenciamento genético.
Desde 2020, o trabalho contempla também a vigilância genômica do Sars-CoV-2, causador da covid-19, recebendo o nome de VigECoV-2.
A Voz da Região /poder360.com.br