Uma das melhores coisas do fim de semana certamente é poder dormir até acordar naturalmente. O despertar espontâneo, inclusive, é a forma mais indicada por especialistas para ter disposição ao longo do dia.
"Acompanha nosso ritmo biológico, nossa predisposição natural de escolha dos horários de dormir e acordar. Despertar espontaneamente, como habitualmente fazemos nas férias, mantendo horários regulares para deitar e levantar, produz uma sensação de bem-estar e motivação para iniciar o dia", explica Erika Treptow, médica e pesquisadora do Instituto do Sono de São Paulo.
No entanto, na vida real, o acordar espontâneo é raro, e a maioria das pessoas precisa da ajuda de um despertador para sair da cama.
A utilização do aparelho pode assustar quem está dormindo, mas não prejudica efetivamente a saúde de ninguém.
O problema é a tal função soneca, aquela que o usuário coloca o despertador para tocar novamente depois de dez minutos para dormir mais um pouquinho.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos, com 450 pessoas, apontou que 57% dos entrevistados usavam esse tempo a mais na cama. As mulheres, os jovens e as pessoas com os hábitos mais vespertinos foram os grupos que mais recorriam à função soneca.
Devido aos ciclos do sono, que duram de 70 a 120 minutos, dormir um pouco mais e acordar tão rápido tende a aumentar a sensação de cansaço e confundir o organismo humano.
"Nos ciclos do sono passamos por diferentes estágios, desde o sono leve ao profundo e também pelo sono REM, fase na qual sonhamos. Se neste momento apertamos o botão soneca e voltamos a dormir, a tendência é iniciarmos um novo ciclo", orienta Erika.
Porém ao acordar de 5 a 15 minutos após adormecer, o novo período vai ser interrompido.
"Não teremos tido tempo suficiente para completar o ciclo e, consequentemente, podemos apresentar confusão, sem que nosso corpo entenda se é momento de acordar ou continuar a dormir", complementa a médica.
Uma boa noite de descanso acontece após quatro ou cinco ciclos de sono completos.
Essa confusão é o que os médicos chamam de inércia do sono, com o comprometimento da transição entre dormir e acordar. A sensação causada pode ser similar aos efeitos de bebidas alcoólicas.
"Ocorre uma lentificação do pensamento e dos movimentos, cansaço, falta de energia, dificuldade de concentração e de 'engrenar' nas atividades diárias. Pode ser comparada com uma sensação de embriaguez ao acordar", alerta Erika.
O tempo desse estado pode variar muito, como acrescenta a pesquisadora. "A inércia do sono costuma durar alguns minutos, mas pode persistir até quatro horas após acordarmos."
Existem formas de evitar esse tempo a mais de sono que podem ser naturais. "Pistas ambientais para um despertar mais agradável, como abrir uma fresta da janela e deixar a luz natural entrar, acordar com sons agradáveis", aconselha Erika.
Já existem máquinas que iluminam o ambiente para dar a sensação de amanhecer. "São despertadores que simulam o nascer do sol e proporcionam um acordar mais gradual em comparação aos sons abruptos do despertador."
Alguns aplicativos para celular também podem ser usados. Eles estimam o tempo de cada ciclo do sono, ajustando o alarme para um horário próximo ao que estaríamos acordando naturalmente.
Mas, se você não consegue usar essas técnicas, a dica da pesquisadora é bem prática. "Evite a tentação do botão soneca e deixe o despertador ou o celular longe da cama, para que seja necessário levantar para desligá-lo."
A Voz da Região / R7.com