OMS: 500 milhões de pessoas terão doenças cardĂ­acas e diabetes atĂ© 2030 devido ao sedentarismo

Organização Mundial da SaĂșde estima que governos gastarão, em uma dĂ©cada, mais de R$ 1,5 trilhão por impactos associados à falta de atividade fĂ­sica da população

Por A Voz da Região em 22/10/2022 às 10:23:00
Em todas as idades, atividade física tem efeitos benéficos à saúde FREEPIK

Em todas as idades, atividade física tem efeitos benéficos à saúde FREEPIK

Entre 2020 e 2030, se governos globais não adotarem medidas urgentes para incentivar a atividade física, cerca de 500 milhões de pessoas vão desenvolver doenças cardíacas, diabetes, obesidade ou outras DNTs (doenças não transmissíveis) em decorrĂȘncia do sedentarismo.

Também chamada de inatividade física, a condição custarĂĄ anualmente em torno de R$ 142 bilhões (27 bilhões de dólares) aos cofres dos 194 países analisados. O percentual equivale a mais de R$ 1,5 trilhão até 2030 (300 bilhões de dólares).

Os números foram publicados nesta terça-feira (18) no relatório inédito de status global sobre atividade física 2022, organizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Atualmente, o Ministério da Saúde estima que 22% da população brasileira estĂĄ obesa. Um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) também mostrou recentemente que trĂȘs em cada dez adultos, no Brasil, devem sofrer de obesidade até 2030.

As doenças cardiovasculares, por sua vez, especialmente infarto e AVC (acidente vascular cerebral), jĂĄ mataram, em 2022, mais de 300 mil brasileiros — uma média de 1.100 por dia, ou 46 por hora, segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).

Os números demonstram a importância da atividade física, jĂĄ que "é bom para a saúde pública e faz sentido econômico promover mais atividade física para todos", disse Ruediger Krech, diretor do Departamento de Saúde, em comunicado divulgado pela OMS.

O relatório analisou os dados de 194 países e mostrou que o progresso dos governos na implementação de recomendações para atividades físicas em todas as idades é lento e precisa ser acelerado, a fim de elevar os níveis de prĂĄtica de atividades físicas, prevenir doenças e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde.

Apenas 30% desses países tĂȘm diretrizes nacionais de atividade física que contemplam todas as faixas etĂĄrias. Além disso, menos de 50% tĂȘm uma política nacional voltada ao assunto — e menos de 40% dela estĂĄ funcionando.

Quando o relatório avaliou o sistema de supervisão de atividade física, percebeu que menos de 30% dos países monitoram a prĂĄtica entre crianças menores de 5 anos. Quase todos relatam ter esse sistema para adultos, e 75% para adolescentes.

Levando em consideração as políticas que poderiam incentivar o transporte ativo e sustentĂĄvel (efetivo no combate ao sedentarismo), como a caminhada e o ciclismo, apenas pouco mais de 40% dos países tĂȘm projetos de estradas que tornam a prĂĄtica segura.

"Precisamos de mais países para ampliar a implementação de políticas para apoiar as pessoas a serem mais ativas por meio de caminhadas, ciclismo, esportes e outras atividades físicas. Os benefícios são enormes, não apenas para a saúde física e mental dos indivíduos, mas também para a sociedade, o ambiente e a economia", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Ainda que as políticas nacionais para combater as DNTs e o sedentarismo tenham aumentado nos últimos anos, hoje, 28% delas não são financiadas ou não foram de fato implementadas.

Exercício aliado no controle de diabetes

Diagnosticada com diabetes aos 12 anos, Verônica tornou a atividade física parte da sua rotina

Diagnosticada com diabetes aos 12 anos, Verônica tornou a atividade física parte da sua rotina

REPRODUÇÃO / INSTAGRAM

A estudante Verônica Nunes, de 23 anos, recebeu o diagnóstico de diabetes tipo 1 em 2011. Desde criança, teve recomendações médicas para praticar atividades físicas.

"Quando eu tinha 12 anos, precisava fazer caminhada. Depois que fiquei mais velha, comecei a ir à academia. Eu nunca fui uma pessoa que gosta de academia, mas precisava por conta do diabetes", conta Verônica.

A estudante explica que a atividade física ajuda a controlar a glicemia e a insulina, e que pessoas com essa condição devem sempre acompanhar os níveis de glicemia e ter algum alimento na bolsa durante os exercícios (qualquer um que tenha açúcar ou que transforme o carboidrato rapidamente em açúcar), pois ela pode baixar.

"Na pandemia, eu comecei a não me cuidar direito, cheguei a ter 100 kg, e, em vez de só ter o diabetes tipo 1, também estava começando a ter o tipo 2 junto. Em vez de cuidar de um diabetes, eu estava cuidando de dois. Então, é muito importante fazer atividade física, por mais simples que seja — caminhada, corrida, funcional, natação, qualquer tipo de exercício. Meus médicos pediam e tinha recomendação para eu fazer atividade física, era muito importante, além, obviamente, da alimentação", relata Verônica.

A estudante relembra que, em determinada época, ela não precisava aplicar muita insulina no corpo — apenas 2 UI, equivalente a 0,02 ml, na caneta descartĂĄvel — graças ao exercício físico, que estimula a produção e ajuda no transporte da substância.

"A insulina deixa vocĂȘ com mais fome e também dĂĄ mais possibilidade de vocĂȘ engordar, e engordar prejudica o diabetes. Então, eu preciso da insulina, mas também não posso abusar dela. O jeito de eu conseguir, além de remédios, é a atividade física, uma fonte natural e excelente", conclui.

Pandemia do novo coronavírus

Assim como Verônica, milhões de pessoas deixaram de praticar atividades físicas durante a pandemia de Covid-19. No mesmo período, as campanhas nacionais de comunicação e os eventos voltados para a prĂĄtica também foram paralisados. Nos últimos dois anos, apenas pouco mais de 50% dos países realizaram uma dessas iniciativas.

Essa situação também afetou a implementação de outras políticas e aumentou as desigualdades no acesso às prĂĄticas de atividade física em comunidades, por exemplo.

"Precisamos facilitar programas inclusivos de atividade física para todos e garantir que as pessoas tenham acesso mais fĂĄcil a eles. Esse relatório emite um apelo claro a todos os países para uma ação mais forte e acelerada de todas as partes interessadas relevantes, trabalhando melhor em conjunto para atingir a meta global de redução de 15% na prevalĂȘncia de inatividade física até 2030", alerta a OMS.


Fonte: A Voz da Região / R7.com

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