O imunologista baiano Gustavo Cabral fez um alerta nesta segunda-feira (8) sobre a necessidade da atualização das vacinas usadas para a imunização contra a Covid-19. Segundo ele, em sua coluna no UOL, a produção de novos imunizantes é importante, para que assim eles sejam mais eficazes contra as variantes que surgiram. "As empresas fabricantes de vacina estão em posição de conforto. Seguem vendendo grande quantidade de seus produtos e não dedicam a devida atenção para a importância de eles serem renovados", observou o especialista. Cabral explicou ainda que o vírus se tornou mais eficiente em escapar da imunidade pela vacina e até mesmo da imunidade natural pós infecção. As informações genéticas usadas pelas farmacêuticas são as do vírus que surgiu em Wuhan, em 2019. "Uma prova de que não teremos bons resultados em convencer as pessoas a tomarem cinco, seis doses de uma vacina desatualizada é que menos de 50% da população tomou o reforço ("terceira dose"), mesmo sabendo que, com a ômicron, só podemos considerar que alguém está completamente imunizado após receber três doses", opinou. Na avaliação do pesquisador, apesar de resultados preliminares indicarem que um reforço de uma vacina atualizada não aumentaram a proteção contra a ômicron, será necessário avançar nos estudos e explicar algumas conclusões. "É preciso voltar alguns passos e tentar entender por que as vacinas atualizadas não são mais eficazes do que as antigas. Não basta apenas repetir a tecnologia usada anteriormente e se contentar com a informação de que a proteção é a mesma, para seguir aplicando os imunizantes que temos hoje", ponderou Gustavo Cabral. Para o profissional, que é referência no desenvolvimento de vacinas no Brasil, a sociedade deve ser mais incisiva na cobraça por novos fármacos, para que uma atualização aconteça de forma tão rápida quanto foi a descoberta. Os melhores resultados poderão promover uma adesão ainda maior da população.