E a ponte Salvador-Itaparica, em que pé ficou? A pergunta aí permeou os quatro cantos da Ilha de Itaparica, englobando os municípios de Itaparica Só e Vera Cruz (70%), ontem abarrotados de visitantes que aproveitam o feriadão.. Como diz José Meira, de Salvador: "Fale alguma coisa".
Recado dado. O secretário da Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti, é quem nos dá notícias. Ele diz que estudos complementares revelaram a necessidade da construção de um canal de acesso ao Porto de Salvador, uma exigência da Capitania dos Portos após trabalho feito em parceria com a Marinha.
Só para ressalvar, essa obra não é obrinha. É algo que vai custar aí em torno de R$ 100 milhões. É o que falta para o start ser dado:
— Acreditamos que até o início do segundo semestre estaremos em condições de fazer o que dizem, bater a primeira estaca.
Contratempo — Claro que o projeto muito atrasou por conta da pandemia que abalou o planeta, por ironia, nascida na China, o país da empresa que vai pilotar a obra da ponte. Ia iniciar em março de 2019, não deu, seria 2020, veio a pandemia, tudo travou, e agora recomeça.
Mas o contratempo não mudou cronogramas noutras vertentes. O governo, por exemplo, está pavimentando acessos, fazendo a orla de Ponta de Areia, vai refazer o projeto da dragagem de Mar Grande para ver se desemperra e os prefeitos da área batem no mesmo tom.
Aliás, os prefeitos Zezito (PTB), de Itaparica, Marcus Vinicius (MDB), Vera Cruz, Wilson Pedreira (PSD) e Heráclito Arandas (PP) de Jaguaripe, em momento algum desviaram o cronograma traçado numa perspectiva de que a ponte vem aí. Como diz Arandas;
— Trabalhamos com a ideia de que a ponte é um fato consolidado, a questão se se arrumar para encarar o futuro.
Na ilha e cercanias, há uma convicção plena de que o impacto será grande.
Fogaréu como antigamente
O velho normal do turismo religioso foi carimbado nesta Semana Santa na quinta à noite com a volta da tradicionalíssima Procissão do Fogaréu .
Também como sempre, os políticos todos lá, o prefeito Adriano Lima (PP) e o seu principal adversário, o deputado Osny Cardoso. E de governadorável só João Roma, que tenta abrir as portas dos céus "com quem tiver algo para ajudar".
Manati vai virar um depósito de gás no mar
Já se dá como certo no Baixo Sul e sul do Recôncavo que daqui a três ou quatro anos, segundo estudos da Petrobras, o Campo de Manati, na Bacia de Camamu, mas na costa de Cairu, vai exaurir a sua vida útil e segundo a Enalta, uma das empresas que o explora, devera transformar-se no primeiro depósito de gás natural do país. Décio Odonne, presidente da empresa, pontua que o campo é bem localizado e o Brasil não tem estrutura similar para armazenar gás, principalmente quando o preço está em baixa no mercado internacional.
Manati hoje produz três milhões de metros cúbicos de gás por dia. A Enauta tem 45%, a Petrobras 35%, a Geopark 10% e a PetroRio 10%.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Momento certo
1975. Gustavo Capanema Filho, o mais longevo ministro da Educação da história do Brasil (de 1034 a 1945, durante quase toda a ditadura de Getúlio Vargas, quase 11 anos) estava em seu gabinete, já senador, por Minas Gerais, quando o jornalista Benedito Coutinho, cheio de livros nas mãos para presentear o amigo, ambos amantes da cultura.
Conta Sebastião Nery que de repente Benedito parou diante de belo quadro de Jesus Cristo com os apóstolos, A ceia, de Cândido Portinari. Olhou, olhou, olhou, comentou;
— Senador, está faltando um apóstolo... É a primeira que vejo uma Santa Ceia com apenas 11 apóstolos. Tiraram o Judas...
E Capanema, evocando a sua longa expertise em direcionar os rumos da educação, disse todo sorridente:
— É aí que está a diferença do Portinari, meu querido! Ele soube flagrar o momento preciso em que Jesus estava ao lado dos 11 confiáveis e pôde dizer tranquilo; enfim, sós!
Fonte: A Voz da Região / A Tarde