A limpeza constante e inadequada dos ouvidos pode trazer sérios riscos à saúde auditiva, como infecção e surdez. Ao Bahia Notícias, o otorrino e professor da UniFTC, Gabriel Bijos, explicou que ao remover a cera do ouvido deixamos o local mais propenso a infecções, como a otite. "A nossa cera possui na formação dela óleo, por isso ela é cera, mas ela possui também antibióticos naturais do nosso próprio organismo e anticorpos. Quando nós removemos a cera, estamos deixando propenso a ter infecção, por isso dentro do buraquinho do ouvido nós não devemos mexer. O nosso buraquinho do ouvido lá no fundo tem o tímpano, entre o tímpano e fora da cabeça e orelha existe mais ou menos 2,5 cm. A parte de dentro é 100% estéril, e para fora é onde se produz a cera", destacou o especialista. O médico alertou ainda que os cotonetes não devem ser utilizados e que a higienização caseira deve ser feita até onde o dedo alcançar, utilizando uma toalha enrolada. Mais do que isso, não é recomendado fazer a limpeza. "Quem nada muito tem risco de ter otite externa, essa pessoa que nada muito precisa da cera para ter proteção, e quando remove ela tem mais risco de ter infecção. Mesmo quem não nada precisa da cera para se proteger, não tendo a cera está propenso a ter uma infecção. Outra coisa que pode acontecer sem ser a infecção, é porque você tendo uma bola de cera maior, você limpando pode acabar empurrando ela gradativamente para perto do tímpano, até o momento que entope o ouvido e você deixa de escutar, não definitivamente, mas causa uma surdez transitória que também precisa ser tratada", apontou Gabriel. Além das doenças que podem sendo resultado da higienização inadequada, usar uma coisa mais rígida, como uma chave, um cotonete ou um palito de dente, pode traumatizar o tímpano, e ao traumatizar pode ter perdas enormes, desde de uma simples perfuração até um surdez completa. Para as pessoas que se incomodam com a limpeza do local, o especialista indica que a higienização seja feita no consultório a cada de 3 a 5 meses, que é um prazo razoável para fazer essa remoção. Essa remoção normalmente é feita com lavagem ou medicação, mas existem outras várias formas de ser feita. "Em relação a quem se incomoda, é porque estimulou a produzir mais fazendo a limpeza. Normalmente, quando paramos de cutucar o ouvido ele entra em um equilíbrio e para de produzir em excesso", informou o médico. Em relação aos produtos que podem ser utilizados em casa para as limpezas, Gabriel orienta que o próprio otorrino faça a prescrição, pois é preciso ter certeza que a membrana do tímpano está íntegra antes de usar qualquer tipo de medicação. De acordo com o profissional, para alguns nadadores é recomendado que pinguem álcool no ouvido, mas apenas se tiver certeza de que não há perfuração ou lesão no tímpano. Logo, "não dá para recomendar para todo mundo sem um exame físico anterior".