O Brasil ainda carece de divulgação das campanhas específicas para câncer de intestino, segundo tipo de tumor mais incidente em homens e mulheres no país. Por mais que muitos não saibam, neste mês existe a campanha Março Azul-Marinho que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dos hábitos alimentares e da realização do exame de rastreamento, assim como é feito no Outubro Rosa e Novembro Azul.
O câncer colorretal, como é chamada a doença oncológica que acomete a parte do intestino grosso chamada cólon e o reto, fica atrás apenas dos cânceres de mama e próstata (sem considerar o câncer de pele não melanoma), de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Para 2025, o Instituto prevê 45.630 novos casos do câncer colorretal. Na Bahia, por exemplo, são estimados 1.940 novos casos da doença este ano.
Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de alguns alimentos podem aumentar o risco de desenvolver o câncer colorretal. Carnes vermelhas, gorduras, embutidos, processados e refinados, como salsicha, linguiça, bacon e presunto são alguns exemplos que aumentam o risco da doença.
A informação é uma grande aliada para combater o tumor, que é considerado uma doença do "estilo de vida". "Alimentação pobre em fibras e rica em ultraprocessados, consumo excessivo de carnes vermelhas, bebidas alcoólicas, obesidade, sedentarismo e tabagismo são fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer", reforça a oncologista Mirela Souto.
Apesar da sua alta incidência, o câncer colorretal é considerado um dos tumores mais preveníveis, uma vez que está associado aos hábitos alimentares e ao estilo de vida, destaca o oncologista Eduardo Moraes, da Oncoclínicas na Bahia. "Além dos hábitos pouco saudáveis, o histórico familiar, inflamações intestinais crônicas e presença de pólipos no intestino são fatores de risco para o câncer colorretal", ressalta o médico.
"Manter-se no peso adequado, adotar uma alimentação saudável e minimamente processada, praticar atividade física de forma regular e realizar os exames de rastreamento são medidas que fazem toda diferença para prevenção do câncer colorretal", destaca Mirela, especialista da Oncoclínicas.
De acordo com a oncologista Maria Cecília Mathias, os sintomas costumam surgir quando o câncer colorretal já está em estado mais avançado, o que acaba aumentando a letalidade da doença que pode ser muito agressiva ao ser diagnosticada tardiamente. "Sintomas como fadiga, perda de peso sem causa aparente, alterações no hábito intestinal (diarreia ou constipação), presença de sangue nas fezes, anemia, desconforto ou dor abdominal podem estar associados ao câncer de intestino e devem ser investigados para afastar a possibilidade da doença", alerta a médica que também integra a equipe da Oncoclínicas.
Como, muitas vezes, a pessoa acometida pela doença pode não apresentar nenhum sintoma, o exame para rastreamento se torna mais importante ainda. "A ideia do rastreamento é permitir que tumores sejam detectados até em fase iniciais, quando o paciente não tem nenhuma suspeita da doença. Quando diagnosticado precocemente, a chance de cura pode ser superior a 90%", afirma o oncologista Bruno Protásio.
O rastreamento é feito através de um exame endoscópico do intestino grosso - cólon e reto - onde é introduzido um tubo com uma câmera na extremidade, permitindo detectar e remover pólipos ou tumores malignos em diversos estágios. A orientação é que o exame seja realizado, a primeira vez, entre os 45 a 50 anos, e repetido a cada cinco ou dez anos, de acordo com indicação médica, para pessoas assintomáticas e sem fatores de risco, ou seja, sem histórico de câncer de intestino ou pólipos na família, e doença inflamatória intestinal.
Nos casos de pacientes com histórico familiar e fatores de risco para a doença, é importante que o rastreamento comece mais cedo, justamente para que o paciente tenha todo acompanhamento médico necessário. "Nesses casos, a data de início e a frequência do exame de colonoscopia deve ser discutido com o seu médico", ressalta Eduardo Moraes.
Fonte: Correio da Bahia