Um ano após o caso vir à tona, completado nesta quarta-feira (13), corre em segredo de Justiça o processo que apura a denúncia de duas mulheres contra o atacante Everton, ex-Flamengo e São Paulo, pelos crimes de importunação sexual e lesão corporal. Um vídeo divulgado à época mostra o atleta se aproximando de uma das denunciantes(relembre acima).
O atacante Everton informou, via assessoria, que "não se pronunciará sobre o caso justamente por estar em segredo de Justiça". Em sua única manifestação após a denúncia, o jogador disse, em nota, que "repudia os termos da acusação".
O boletim de ocorrência foi registrado em 13 de novembro de 2023, quando Everton estava vinculado à Ponte Preta, mas deixou oficialmente o clube de Campinas em 30 de novembro de 2023, após o fim de contrato. Segundo sua assessoria, o atleta, sem clube desde então, ainda não definiu seu futuro esportivo.
O caso foi investigado na Delegacia de Paulínia e enviado ao Ministério Público (MP).
- O inquérito policial foi relatado à Justiça em maio deste ano, sendo realizada cota ministerial para a junção de um laudo pericial. Não houve indiciamento - informou, por nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
O advogado Erico Bento da Cunha Claro, que representa as vítimas, destacou que desde a instauração do inquérito, as denunciantes foram submetidas a exame de corpo de delito, além de serem ouvidas pelo delegado responsável.
Segundo Erico, o andamento do processo encontra-se, neste momento, "pendente das diligências a serem conduzidas pelo Ministério Público, que, ao final do prazo suspensivo, poderá adotar os próximos passos processuais cabíveis".
Procurado, o MP destacou apenas que o caso segue em segredo de Justiça.
O boletim de ocorrência foi registrado em 13 de novembro de 2023, em Paulínia, no interior de São Paulo. Com passagens por Flamengo, São Paulo e Grêmio, entre outros clubes, o jogador foi acusado por duas irmãs de que teria passado a mão nas nádegas delas dentro da piscina durante um churrasco e que, ao ser confrontado, agrediu as vítimas.
De acordo com o registro da ocorrência, uma das vítimas relatou que o primeiro episódio de importunação sexual ocorreu na noite de 9 de novembro, quando foi jantar na casa de Everton na companhia do marido.
À Polícia Civil, a mulher narrou que, quando voltou do banheiro, a esposa de Everton estava sentada ao lado de seu marido e, por isso, ela teve de sentar ao lado do jogador. Segundo ela, em seguida, o jogador acariciou sua panturrilha. Ela teria pedido que o atleta parasse, mas Everton teria insistido e ela foi sentar em outro local.
A vítima disse ter pensado que Everton "teria agido por conta do efeito de consumo de bebida alcoólica", e que acreditava que ele iria parar diante de sua negativa à investida.
A denunciante afirmou que, no sábado, dia 11 de novembro, Everton e a esposa foram até a casa dela para um churrasco, e todos foram à piscina, inclusive sua irmã. Ela contou que Everton passou a mão em suas nádegas e, assustada, contou o ocorrido à irmã.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, Everton teria, então, cometido o mesmo ato com a irmã da primeira vítima, que ao confrontar o jogador, teria ouvido que ele "havia se enganado e a confundido com a esposa". Foi aí que houve início uma discussão, que se estendeu para fora do condomínio.
Imagens obtidas pela EPTV, afiliada da TV Globo, mostram dez pessoas, entre homens e mulheres, em uma confraternização dentro da piscina. No vídeo, é possível ver que Everton se aproxima, fica muito perto de uma das mulheres, que está de costas, e chega a encostar nela, quando imediatamente ela se vira contra ele e o confronta.
"Ele fala que confundiu ela com a esposa, mas o vídeo é bem claro. A esposa está na frente dele. Após essa importunação, houve discussão fora da residência, onde houve uma agressão por parte do Everton e as duas irmãs ficaram feridas, com lesões. Elas tentaram dialogar com ele, perguntar o por quê de tudo isso e ele não falava nada", explicou o advogado das mulheres.
Após o caso vir à tona, o atleta, por meio de sua assessoria, divulgou um comunicado em 14 de novembro em que "repudia os termos da acusação".
A nota também mencionava que o atleta e a esposa foram ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de exames de corpo de delito por conta de "lesões recebidas ao final do evento de confraternização para o qual foram convidados".
Veja a nota na íntegra:
"A assessoria de EVERTON CARDOSO DA SILVA vem a público para manifestar que ele repudia os termos da acusação que ora lhe recai. Informa que, por orientação dos seus advogados, ao menos por ora, não irá se manifestar sobre detalhes da imputação, mesmo porque apenas no final da tarde de hoje (terça-feira, 14/11) foi obtido acesso aos autos, e em momento em que se estava às voltas com a apresentação dele e da sua esposa no IML, onde foram realizados exames de corpo de delito dadas as importantes lesões recebidas ao final de um evento de confraternização para o qual foram convidados".
Fonte: Globo Esporte