Especialistas alertam para segurança em piscinas, praias e rios

Saiba como evitar afogamentos e reagir em situações de risco

Por Millena Marques em 03/01/2024 às 10:18:36

As férias escolares e as altas temperaturas registradas no verão propiciam um aumento do público em praias, rios e piscinas e, consequentemente, exigem uma atenção redobrada para evitar casos de afogamento. As recomendações do Corpo de Bombeiros da Bahia vão da escolha de lugares guarnecidos com agentes salva-vidas a utilização de coletes apropriados no lugar de boias, que costumam apresentar uma falsa sensação de segurança.

A busca por praias que têm guarda-vidas à disposição dos banhistas é a primeira recomendação do tenente Tarcisio Rizzeto, do 13° Batalhão de Bombeiros Militar. Isso porque os agentes possuem experiência necessária para sinalizar os pontos de maior risco de afogamento. "Ao chegar no local, é recomendado procurar o posto de guarda-vidas e se informar acerca do melhor lugar para banho", explica o tenente.

Em rios e piscinas, locais que não costumar apresentar um posto de guarda-vidas, a principal recomendação é não ingerir bebidas alcóolicas por causa da correnteza. O ideal é tomar banho com outra pessoa e evitar que o nível da água nunca passe do umbigo.

A utilização de boias, colchões infláveis e bolas de ar podem apresentar uma falsa sensação de segurança e, por isso, deve ser evitada. "O ideal é que se utilize o colete salva-vidas", diz Tarcisio Rizzeto.

Atenção dobrada com crianças

Mais indefesas, as crianças devem ser vigiadas ininterruptamente quando estiverem em praias, piscinas e rios. A orientação é que fiquem, no máximo, um braço de distância do responsável e devem utilizar coletes salva-vidas. "Muitas boias trazem falsa sensação de segurança e podem gerar muitos acidentes com resultado afogamento, além de que, muitas vezes, por estarem de boias, a vigilância sobre as crianças diminui, acreditando-se que estejam seguras", explica Rizzeto.

As piscinas devem ser cercadas, com restrição de acesso indesejado de crianças. Além disso, qualquer recipiente que acumule água, a exemplo de bacias, baldes e caixas d'água devem estar longe do alcance de crianças.

Segundo a médica intensivista pediatra Lara Torreão, crianças com idade menor a quatro anos são mais suscetíveis a afogamentos. Crianças com menos de dois anos são mais indefesas, especialmente em água doce. "A criança pequena pode se afogar em piscina, rios e até mesmo em baldes. Menores de dois anos, por exemplo, podem vítimas de afogamento em balde por causa da curiosidade", diz Torreão.

Ainda conforme Torreão, a maior causa de afogamentos de crianças é a falta de supervisão dos responsáveis, principalmente em locais movimentados. "Em encontros com muitas pessoas, rapidamente os responsáveis podem perder o olhar, o que facilita o desejo de experimentar a piscina", afirma, ressaltando que muitos casos também acontecem fora da própria residência e da necessidade da vigilância ininterruptamente.

De acordo com dados da Criança Segura Brasil, organização não governamental que atua para salvar crianças e adolescentes de todos os tipos de acidentes no país, os afogamentos são a segunda maior causa de morte e sétima de hospitalização por acidentes entre crianças de zero a 14 anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 866 crianças dessa faixa etária morreram vítimas de afogamento em 2018. A reportagem entrou com contato com o MS, solicitando dados de 2022 e 2023, e com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mas não havia recebido respostas até o fechamento desta matéria.

Os dados do CBM-BA apontam que a Bahia registrou 27 salvamentos de pessoas afogadas (todas retiradas da água com vida) e 275 resgates de banhistas em situação de risco (resgatados antes de iniciar o processo de afogamento) na Bahia em 2023, até meados de dezembro. Em 2022, o número de salvamentos de pessoas afogadas foi o mesmo, enquanto 213 banhistas foram resgatados em situação de risco.

O que fazer ao presenciar casos de afogamento?

Ao avistar uma situação de afogamento, o recomendado é acionar o guarda-vidas do local. Se não houver um agente, acione o 193, via ligação telefônica, para acionar o Corpo de Bombeiros Militar. Em seguida, sem se colocar em risco, procure algum objeto que sirva como flutuados, como garrafas pets vazias e fechadas, bolas, boias, pranchas, tampa de caixa de isopor e tente arremessar para a vítima.

"Vale ressaltar que o Corpo de Bombeiros não recomenda que as pessoas sem a devida competência técnica tentem adentrar ao corpo d'água para efetuar o resgate. Há muitos casos de mais de uma vítima de afogamento, justamente pela tentativa de fazer o resgate e acabar se afogando", frisa o tenente Rizzeto.

Em casos envolvendo crianças, a médica Lara Torreão orienta a realização de um teste de responsividade. Caso a criança não responda, é necessário entrar em contato com o Samu por meio do 192. Durante a ligação, os responsáveis podem realizar compressões no peito e respiração boca a boca, numa sequência de 30 compressões para duas respirações, enquanto a ajuda especializada não chega.

Fonte: Correio

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