A violĂȘncia política contra as mulheres pode se manifestar em diversos níveis, como assédio, silenciamento, colocação de empecilhos para a atuação profissional. O Brasil dispõe de algumas ferramentas para combatĂȘ-la, como a cota feminina nas eleições, cujo intuito é abrir mais espaço para que elas ocupem cargos de poder. No entanto, uma vez no Legislativo, muitas se deparam com obstĂĄculos impostos pelo machismo institucional.
A aproximação do Dia da Mulher traz a reflexão dos desafios vivenciados por eleitas pelo voto popular e que, mesmo assim, parecem ter seu direito de trabalhar por suas causas constantemente questionado.
A vereadora Mariana Silva Calsa (PL), de Limeira (SP), contou que a primeira dificuldade na vida política foi conseguir um partido. Apenas uma legenda aceitou sua filiação e candidatura. A parlamentar também notou uma diferença no valor que recebeu de Fundo Eleitoral: o equivalente, em média, a 1/4 do que seus colegas tiveram acesso durante a campanha.
Mariana viu, nos primeiros anos do mandato, as colegas vereadoras terem dificuldade em pautar seus projetos de lei pelo simples fato de serem mulheres. "Isso é uma violĂȘncia política e institucional que impede as colegas de exercerem as suas funções que foram escolhidas pelo povo", criticou.
Apesar das resistĂȘncias, ela não pensa em retroceder. "Desistir significa entregar as decisões da minha cidade para outras pessoas, e nós somos agredidas justamente com esse objetivo, para que a gente se retire dos espaços de poder. Isso não vai acontecer", frisou.
Como mulher negra, Iza Vicente (Rede), vereadora de Macaé (RJ), nota julgamentos sobre fatores que nada tĂȘm a ver com sua atuação, como a aparĂȘncia ou as roupas. "Mulheres da política, lidamos constantemente com interrupções de nossas falas, dificuldade de nos reunirmos com outros homens para conseguir deliberar sobre questões importantes de projetos políticos e sociais", disse. "Também existe muito julgamento pela aparĂȘncia. Se somos magras, somos julgadas, se estamos gordas, estamos sendo julgadas. O nosso corpo acaba sendo uma pauta política de credibilização ou não da nossa atuação pública", desabafou.
Fonte: A Voz da Região / Correio Braziliense