Brasil vive racismo institucional e deve ampliar Lei de Cotas", defende Anielle Franco

Ela disse que o tema será estudado e citou a possibilidade de aumentar o número de vagas para cotistas em cursos de pós-graduação

Por A VOZ DA REGIÃO em 23/01/2023 às 15:42:25
Leandro Prazeres/BBC News Brasil A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu a ampliação da Lei de Cotas, mas diz saber que poderá enfrentar resistência no Congresso Nacional

Leandro Prazeres/BBC News Brasil A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu a ampliação da Lei de Cotas, mas diz saber que poderá enfrentar resistência no Congresso Nacional

Há pouco menos de um mês no cargo de ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco, morta em 2018, no Rio de Janeiro, teve que enfrentar a primeira polêmica de sua passagem pelo governo. Reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo apontaram que a sua colega de governo, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foi apoiada por milicianos investigados pelas autoridades fluminenses durante as eleições deste ano.

Desde então, Daniela Carneiro vem negando seu envolvimento com atos ilícitos. Mas a suposta ligação dela com milicianos jogou os holofotes sobre Anielle Franco. Isso ocorreu porque as investigações sobre a morte de sua irmã indicam que Marielle e o motorista Anderson Gomes teria o envolvimento de milicianos.

Em entrevista à BBC News Brasil, Anielle Franco disse que ainda está entendendo o que está acontecendo, mas afirmou que não lhe cabe "julgar" a ministra do Turismo.

"Não cabe a mim nem julgá-la, nem investigá-la em nenhum precedente antes de ela ser ministra ou não", disse a ministra.

Anielle também falou sobre os planos de ampliar o alcance da Lei de Cotas, que completou 10 anos em 2022. Ela disse que o tema será estudado e citou a possibilidade de aumentar o número de vagas para cotistas em cursos de pós-graduação.

Ela disse temer resistência à essa pauta no Congresso Nacional, marcadamente mais conservador. Ela afirmou que é favorável a debater cotas sociais, mas defendeu a manutenção das cotas raciais.

"Seja ela social ou não, porque a maioria da população pobre é preta, a lei de cota racial tem que permanecer. Isso a gente vai defender até o final", disse.

A ministra também disse não temer que manifestações de matriz africana em órgãos públicos como as danças com as quais foi recebida em sua posse, no início do mês, acirram os ânimos de um país polarizado.

"Se eu respeito outras religiões, as pessoas também deveriam respeitar todas as outras religiões", disse.

Confira os principais trechos da entrevista a seguir.

Franco - Tem muita coisa que a gente precisa fazer a respeito da Lei de Cotas. Eu acho que a primeira delas é esse diálogo em relação à política de cotas. Ela vai continuar vigente, vai continuar existindo. Mas a gente sabe que, infelizmente, dentre uma parcela da população brasileira, existem muitas pessoas que acreditam que ela não deveria nem existir. A gente precisa fortalecê-la, primeiramente, conversando sobre ela, trazendo para dentro do ministério, por exemplo, uma secretaria que vai falar de política e das ações afirmativas. Vamos ter diálogo com pessoas que pesquisam o assunto, que debatem e que tratam disso [...] No Congresso, a gente vai precisar dialogar com todos. Não tem jeito. As cotas não vão ser um assunto que vai somente contemplar pessoas que votaram no atual presidente.






Fonte: A Voz da Região / Correio Braziliense

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