Depois de um início de temporada conturbado, o Bahia pode enfim comemorar o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro. O acesso foi confirmado na última rodada da Série B, neste sábado (6), com triunfo de 2x1 diante do CRB, no estádio Rei Pelé, em Maceió.
O Bahia foi o único entre os 20 times da Série B que permaneceu no G4 da primeira até a última rodada. Nem mesmo o campeão Cruzeiro conseguiu tal feito. Mas a trajetória do Esquadrão foi marcada por momentos de tranquilidade e tensão, com trocas de treinadores, uma breve rota de colisão com a torcida e queda de rendimento na reta final.
INÍCIO TRANQUILO
Depois de ser eliminado nas primeiras fases da Copa do Nordeste e do Campeonato Baiano, o Bahia começou a Série B sob desconfiança, mas o time usou o Brasileirão para dar a volta por cima e surpreendeu no início. A vitória por 2x0 sobre o Cruzeiro, na estreia, foi o cartão de visitas da equipe.
Guto Ferreira comandou o time nas primeiras 14 rodadas (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) |
Sob o comando de Guto Ferreira, o tricolor construiu campanha sólida. Foram cinco jogos de invencibilidade até a primeira derrota, para o Ituano, fora de casa. Na Era Guto, o Bahia fez a gordura que protegeu o clube em boa parte do Brasileirão. Em 14 partidas, a equipe somou oito vitórias, empatou uma e perdeu cinco. Um aproveitamento de 59,5%.
Na estreia contra o Cruzeiro, Jacaré saiu do banco e marcou os dois gols do triunfo (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) |
DAVÓ SURGE COMO ESPERANÇA DE GOLS
Foi também na primeira metade da Série B que o Bahia perdeu o seu principal centroavante, mas encontrou um substituto para fazer os gols. Após se machucar na estreia, o colombiano Rodallega passou quase dois meses afastado. Quando voltou aos gramados, o veterano não entregou o mesmo desempenho dos primeiros meses do ano.
Na ausência de um centroavante de origem, Matheus Davó assumiu o posto e teve papel importante. O atacante foi o artilheiro do time na Série B, com nove gols. O ponto alto do jogador com a camisa tricolor aconteceu nas partidas contra a Ponte Preta e o Criciúma, quando marcou dois gols em cada.
Diante do Criciúma, Davó saiu do banco de reservas e garantiu o triunfo por 2x1, de virada, na Fonte Nova. O segundo gol foi já nos acréscimos, de cabeça.
Artilheiro do Bahia na Série B, Davó teve papel importante no acesso (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) |
PRIMEIRA TROCA NO COMANDO
A fase tranquila que Guto Ferreira viveu nos primeiros 12 jogos deu lugar a uma turbulência quando o Bahia perdeu três partidas em sequência na Fonte Nova, para Chapecoense e Novorizontino, pela Série B, somada à derrota para o Athletico-PR entre elas, pela Copa do Brasil. A sequência foi decisiva para a queda do treinador.
Após 14 jogos na Série B, o Bahia fez a primeira troca no comando. O diretor de futebol, Eduardo Freeland, usou a "busca por performance" como justificativa para a contratação de Enderson Moreira. Na segunda passagem pelo clube, Enderson começou bem com dois triunfos fora de casa, contra Brusque e Guarani.
Enderson Moreira chegou ao Bahia com o apoio de Freeland, mas foi demitido antes do fim da temporada (Foto: Bruno Queiroz/EC Bahia) |
Aos poucos, o trabalho do treinador foi se mostrando pouco eficiente. Apesar de continuar forte em casa, o Bahia não conseguia apresentar bom futebol. Nem mesmo os sete reforços contratados durante a segunda janela de transferências conseguiram resolver os problemas da equipe.
Fora de casa, o time virou presa fácil para os adversários e passou todo o segundo turno sem vencer como visitante (resta um jogo fora, contra o CRB, na última rodada). Para piorar, perdeu pontos preciosos na Fonte Nova que colocaram em risco o acesso para a primeira divisão.
Diante dos resultados ruins, Enderson Moreira entrou em colisão com a torcida e chegou a discutir com tricolores na Fonte Nova. A derrota fora de casa para a Chapecoense, por 3x1, colocou um ponto final na segunda passagem do treinador pelo Esquadrão.
Enderson foi demitido após 18 partidas pela Série B. No período, acumulou sete vitórias, seis empates cinco derrotas. Aproveitamento de 50 % dos pontos disputados na competição. Houve ainda uma derrota para o Athletico-PR, no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil.
CHEGADA DE BARROCA E ACESSO
Restando apenas seis jogos para o fim da Série B, o Bahia partiu para o terceiro treinador no ano. O escolhido para evitar o vexame que seria a não classificação para a Série A foi Eduardo Barroca. Após dez anos, o treinador voltou ao clube no qual deu os primeiros passos na carreira, como auxiliar entre 2011 e 2013.
Barroca assumiu a equipe em situação confortável na tabela, na terceira colocação, com 52 pontos, mas o time vivia desconfiança pelos resultados ruins da "Era Enderson". Em um trabalho de tiro curto, o treinador optou por não fazer mudanças bruscas e conseguiu resultados importantes, como a vitória sobre o Brusque em casa e o empate com o Grêmio em Porto Alegre.
Mas a agonia do Esquadrão na segundona foi prolongada até a última rodada. Os empate em casa com o Vila Nova e Guarani, ambos por 1x1, frustraram os tricolores. Mais de 48 mil torcedores que foram à Fonte Nova em cada jogo e esperavam festejar o acesso, o que não aconteceu.
O Esquadrão só conseguiu soltar o grito que estava entalado na garganta no último jogo da temporada, diante do CRB, no estádio Rei Pelé, em Maceió.
Barroca, à direita, assumiu o time restando seis rodadas e cumpriu o objetivo de colocar o Esquadrão na Série A (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia) |
JACARÉ - O DESTAQUE
Enquanto Matheus Davó terminou competição como artilheiro do Bahia, outro destaque do time fica por conta de Vitor Jacaré. O atacante oscilou entre o banco de reservas e a titularidade durante a campanha, mas foi peça fundamental, principalmente na reta final, quando se firmou entre os onze.
Com gols e assistências, Jacaré foi o responsável direto por pelo menos dez pontos para o Esquadrão na competição. O carisma ainda fez o jogador cair nas graças da torcida.
Jacaré é o principal destaque da campanha tricolor |
Fonte: A Voz da Região / Correio24horas