Segundo os responsáveis pela pesquisa, mais de 20% dos ecossistemas ao redor do mundo estão em risco — eles estão muito próximos, e alguns já até ultrapassaram seus "tipping points." Esse conceito, ponto de virada ou ponto crítico, se refere a um estado de alteração de um ambiente em tal medida que ele deixa de ser capaz de se recuperar. Um ponto crítico ultrapassado pode ainda facilitar que outros ecossistemas atinjam os seus próprios.
A razão para estes colapsos iminentes é a pressão exercida pela humanidade sobre os sistemas naturais, argumentam os cientistas em artigo publicado na revista Nature Sustainability. Partindo desse ponto, os pesquisadores construíram quatro modelos matemáticos para simular o comportamento de locais que serviram de representação para outros ambientes pelo planeta — um para as florestas e um para os lagos ao redor do mundo e dois para lugares específicos: a lagoa de Chilika, na Índia e a Ilha de Páscoa, no Chile.
Os cálculos realizados mostram que esses ambientes funcionam com um delicado sistema de feedback, que permite que eles permaneçam estáveis quando as perturbações são leves. Por outro lado, um estresse elevado faz com que os locais entrem em um ciclo até o colapso.
Em mais de 70.000 simulações diferentes, a data prevista para que os pontos críticos sejam alcançados foi adiantada entre 30 e 80%. Isso significa que, no pior dos cenários, um ecossistema previsto para colapsar na década de 2090 já pode atingir seu ponto crítico a partir de 2030.
Apesar dos resultados preocupantes, os pesquisadores tentam não soar alarmistas e sugerem que, com as devidas ações tomadas — como a regulação dos níveis de pesca, no caso dos lagos — é possível evitar tais desastres. A questão, para eles, é que o problema deve ser levado a sério imediatamente: a humanidade ainda pode evitar que os ecossistemas ultrapassem seus pontos críticos, mas, uma vez que eles estiverem cruzados, a recuperação será muito mais difícil.
Fonte: A Voz da Região / Canaltech