Estudos investigam o perigoso peso das redes sociais sobre a imagem corporal

Revisão de 50 estudos sugere associação entre o uso de plataformas como Instagram e TikTok e o risco aumentado de distúrbios alimentares em jovens insatisfeitos com o próprio corpo. Mais comuns em mulheres, os casos têm aumentado entre os homens

Por A VOZ DA REGIÃO em 24/03/2023 às 09:40:05
(crédito: Plann/Divulgação )

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Com mais de 70 milhões de casos em todo o mundo, segundo levantamento Global Burden Disease, os transtornos alimentares seguem em linha ascendente, com uma estimativa de 48% mais internações por problemas como anorexia e bulimia, apenas nos Estados Unidos, desde 2019. A tendência acompanha a popularidade das mídias sociais, especialmente entre jovens, diz um artigo publicado na revista Plos Global Public Health. Ao avaliar 50 estudos de 17 países, as autoras, da Universidade College London, na Inglaterra, encontraram forte associação entre o uso dessas plataformas, desconforto com a imagem corporal e padrões de alimentação prejudiciais.

A mídia social não é uma causa direta dos transtornos alimentares, destacam as cientistas. Porém, serve de isca para adolescentes, jovens e adultos já vulneráveis. A revisão da literatura científica produzida na Austrália, nos Estados Unidos e em países europeus e asiáticos baseia-se em entrevistas com pacientes e em pesquisas que analisaram a relação entre o engajamento nessas plataformas e a incidência dos problemas de saúde mental. "Concluímos que o uso das mídias sociais é um fator de risco plausível para o desenvolvimento de transtornos alimentares", diz Koma Bhatia, autora correspondente do artigo.

Bhatia destaca que os estudos asiáticos mostram que, ao contrário do que se imaginava, a associação não é exclusividade de sociedades ocidentais, mas um problema de todo o mundo. "Com base na escala de uso de mídia social entre os jovens, essa questão merece atenção como uma questão emergente de saúde pública global." O preço dos transtornos alimentares, ressalta, não é pago apenas pelo indivíduo. O artigo destaca que os custos nos sistemas de saúde são significativos, com hospitalizações e serviços primários e ambulatoriais. Por fim, no nível social, há redução da participação do paciente na força de trabalho e na educação.

Mulheres, pessoas com índice de massa corporal (IMC) mais alto e aquelas com preocupações preexistentes com a imagem correm mais risco de danos potenciais pelo uso das mídias sociais, segundo os estudos, que incluíram participantes de ambos os sexos com idades entre 10 e 24 anos. As autoras ressaltam que uma revisão recente de 94 pesquisas revelou que, em média, a prevalência de algum distúrbio alimentar é de 8,4% (mulheres) e 2,2% (homens). "Embora o sexo feminino ainda represente a maior proporção de casos, o maior aumento está ocorrendo entre homens e minorias de gênero", destacam, no artigo.

Onze estudos da meta-análise publicada na Plos Global Public Health encontraram associações estatísticas significativas entre o uso de mídia social e distúrbios nos comportamentos alimentares, como compulsão, uso de laxantes e dietas extremas. Um deles descobriu que 51,7% das adolescentes e 45% dos meninos pulavam refeições e faziam exercícios excessivos após a exposição às redes sociais.

Fonte: A Voz da Região / Correio Braziliense

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