A baiana Priscila Barreto de Jesus é autora principal de um estudo, feito por um grupo de biólogos, que descobriu três novas espécies de algas vermelhas do tipo Hypnea. Preta nascida em uma comunidade de Salvador, a pós-doutora não pensou duas vezes antes de batizar as espécies em homenagem a outras três mulheres pretas de destaque. As escolhidas foram a filósofa Djamila Ribeiro, a escritora Conceição Evaristo e a ativista Angela Davis.
A descoberta das espécies Hypnea davisiana, Hypnea djamilae e Hypnea evaristoae aconteceu após o sequenciamento do genoma de cada uma delas, numa parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, referência mundial.
Atualmente, Priscila é professora adjunta da Universidade Federal do ABC (UFABC) e, ao jornal O Estado de S. Paulo, contou que a escolha dos nomes levou em conta sua própria trajetória, quando começou a estudar na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
"Foi na faculdade que eu me descobri negra, quando saí da periferia de Salvador e fui estudar em um ambiente repleto de homens brancos", conta a pesquisadora, que, nesse processo, começou a ler sobre o racismo, escolhendo "Pequeno Manual Anti-racista", de Djamila, e "Olhos D"água", de Conceição Evaristo, como as primeiras leituras. Ao mesmo tempo, foi apresentada ao pensamento da norte-americana Angela Davis.
As três novas espécies foram encontradas em herbários de universidades fora do Brasil, na Polinésia Francesa, na Coréia do Sul, e na Índia. A pesquisa foi publicada no último dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher.
Fonte: A Voz da Região / Correio24Horas