Poluição do ar ameaça mais de 99% da população global
Embora os níveis diários de poluentes tenham diminuído na Europa e na América do Norte nas duas décadas até 2019, os níveis aumentaram no sul da Ásia, na Austrália, na Nova Zelândia, na América Latina e no Caribe
Quase nenhum lugar na Terra é seguro quando o assunto é exposição diária à poluição do ar. O primeiro estudo mundial a avaliar esse fenômeno mostra que apenas 0,18% da área terrestre do planeta e 0,001% da população global estão expostas a níveis de material particulado atmosférico fino (PM2,5) abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Publicado, ontem, na revista The Lancet Planetary Health, o levantamento mostra ainda que, em 2019, mais de 70% dos dias tiveram concentrações de PM2,5 superiores a 15g/m³. A partícula tem um diâmetro inferior a 2,5 micrômetros — um micrômetro equivale a um milionésimo de um metro. Esse tamanho diminuto e o fato de ser inalável fazem com que ela seja considerada o principal fator de risco ambiental à saúde — com exposição relacionada a doenças cardíacas, respiratórias, cânceres e outros males.
Como faltam estações de monitoramento da poluição atmosférica global, a equipe liderada por Yuming Guo, da Monash University School of Public Health and Preventive Medicine, em Melbourne, Austrália, decidiu criar um mapa de como a PM2,5 mudou em todo o mundo, nas últimas décadas. Para isso, os pesquisadores recorreram a observações tradicionais de monitoramento da qualidade do ar, detectores meteorológicos e de poluição do ar baseados em satélite, métodos estatísticos e de inteligência artificial.
"Usamos uma abordagem inovadora de aprendizado de máquina para integrar várias informações meteorológicas e geológicas para estimar as concentrações diárias globais de PM2,5 no nível da superfície, em uma alta resolução espacial (...), focando em áreas acima de 15g/m³, que é considerado o limite seguro pela OMS", detalha, em nota, Guo, enfatizando, em seguida, que esse referencial estipulado pela agência das Nações Unidas "ainda é discutível".
Fonte: A Voz da Região / Correio Braziliense