Americanas: cresce pressão e sócios podem pagar rombo com bens pessoais
Justiça autoriza devassa em e-mails corporativos dos últimos 10 anos de executivos da companhia, que entrou em recuperação judicial após revelar rombo contábil de R$ 20 bilhões. Sócios podem pagar com bens pessoais
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press)
A guerra judicial entre a Americanas e os credores torna-se cada dia mais intensa. Ontem, o Bradesco obteve uma decisão da Justiça que autoriza uma devassa na empresa, por meio da apreensão de e-mails de executivos e funcionários graduados nos últimos 10 anos. Maior credor da companhia, com R$ 4,8 bilhões a receber, o Bradesco procura garantir a produção de provas relacionadas ao rombo contábil de R$ 20 bilhões da rede varejista, que está em regime de recuperação judicial. Dependendo da evolução do caso, os sócios majoritários da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — poderão ser responsabilizados diretamente, com seus bens pessoais, pelas irregularidades.
Em Brasília, oito entidades sindicais protocolaram ação civil pública perante a 8ª Vara do Trabalho para garantir os direitos dos mais de 44 mil empregados da varejista no país. Assinam o documento Central Única dos Trabalhadores (CUT); União Geral dos Trabalhadores (UGT); Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Força Sindical (FS); Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB); Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST); Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs-CUT); e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC).
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo pediu ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que convoque, em caráter de urgência, a Americanas para uma audiência de mediação de conflito coletivo a fim de debater a situação dos trabalhadores.
O sindicato afirma que a audiência é para tentar resolver, "a princípio, de forma amistosa", a situação de insegurança que se abateu sobre os funcionários da empresa. O sindicato paulista representa 500 mil trabalhadores na capital e 2,5 milhões no estado.
No início da semana, a Americanas apresentou à Justiça uma relação de dívida no valor de R$ 41,2 bilhões, e segue em risco iminente de falência. Com isso, dizem os sindicatos, há ameaças de que ela descumpra direitos trabalhistas. Da mesma forma que a iniciativa do Bradesco, a ação das centrais pleteia que o patrimônio pessoal dos acionistas majoritários — Lemann, Sicupira e Telles — possa ser executado independentemente do processamento da recuperação judicial da empresa.
Fonte: A Voz da Região / Correio Braziliense