Na madrugada do último sábado (12), uma invasão criminosa espalhou pelo Centro de Formação Paulo Freire (CFPF), em Caruaru (PE), pichações com teor bolsonarista e neonazista. Além de grafarem as palavras "mito" e o símbolo da suástica nos espaços coletivos, os invasores causaram um incêndio no local. O centro fica localizado no assentamento Normandia, no Agreste de Pernambuco.
Segundo nota oficial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os invasores aproveitaram o momento de uma festa que ocorria no Parque de Vaquejada Millany para encobri-los com o som alto. Foi por volta das três horas da manhã quando identificaram que a casa da coordenadora do centro estava pegando fogo.
Rubneuza Leandro, dirigente do setor de Educação do MST-PE e assentada no assentamento Normandia, afirma que esse foi um atentado contra a vida. "Tivemos a sorte que não tinha ninguém nessa casa, mas se tivesse sido na outra, teria atingido as pessoas dormindo", conta.
O cheiro de fumaça denunciou o incêndio, que despertou as pessoas da casa ao lado. "Em um primeiro momento, pensamos que era um problema na casa, um curto circuito, ninguém ligou à uma ação terrorista. Só no dia seguinte que vimos as pichações e tivemos noção do que estava acontecendo", relatou a coordenadora.
Os militantes que cuidam do centro foram alertados e conseguiram apagar o incêndio. No entanto, a casa foi parcialmente queimada, com danos nas camas, telhados e outros pertences. Rubneuza Lenandro dimensiona que o estrago poderia ter sido ainda maior. "Tentaram botar fogo na moto de um companheiro que mora lá e botaram dois rojões presos em uma árvore direcionados para a casa, mas não conseguiram estourar e também não conseguiram atear fogo na moto".
No domingo (13), o relato de um dos militantes identificou quatro possíveis autores do crime. "Na hora que a casa estava pegando fogo, o companheiro saiu de moto para ir até o Millany e pedir que ajuda do corpo de bombeiros. Quando ele desceu, viu um carro parado, próximo ao centro, com quatro homens de camisas amarelas. Mas eles não ligaram uma coisa à outra, só quando narrou isso depois que nos demos conta", finalizou.
Um Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado para formalizar a denúncia do ataque e é investigado pela Polícia Civil.
Ainda segundo o MST, esse não é o primeiro ataque que o CFPF sofre. Em 2019, no primeiro ano do Governo Bolsonaro, foi movida uma ação de despejo contra o espaço. Apesar de ter sido barrado, o processo ainda não está resolvido definitivamente pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A expectativa é que a situação seja regularizada com a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Voz da Região / brasildefato.com.br