As fake news como a entendemos atualmente têm origem num país pequeno, ainda desconhecido para muita gente. Tudo começou na cidade de Veles, na Macedônia, quando um jovem percebeu que podia ganhar dinheiro disseminando notícias falsas na Internet.
Ele escreveu diversos artigos falsos sobre as eleições americanas e esses textos foram compartilhados pelo Facebook, gerando um enorme tráfego e atraindo o interesse de anunciantes para esses sites.
O jovem rapaz chegou a acumular cerca de 16 mil dólares (mais de 65 mil reais) em poucos meses e depois da sua experiência, dezenas de outros sites produzindo notícias falsas foram criados na Macedônia durante a disputa presidencial nos Estados Unidos.
Não há comprovação de que as fake news tenham determinado o resultado das eleições de 2016, mas o escândalo teve várias consequências em diversos níveis, não só nos Estados Unidos, mas em muitos outros cenários, inclusive no Brasil.
O Brasil é um dos países que mais acredita em notícias falsas. Apesar dos brasileiros afirmarem que são capazes de distinguir entre informações verdadeiras e mentirosas, de acordo com uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos, 62% dos entrevistados afirmaram ter acreditado em informações que, na verdade, eram falsas. Uma taxa 14% maior do que a média mundial.
A razão dessa confiança em notícias não verídicas pode ser o alto nível de participação dos brasileiros em diversos grupos no Whatsapp, o que aumenta bastante a possibilidade de disseminação de conteúdos duvidosos.
Por essa razão, o compartilhamento de informações nas redes sociais deve ser feita com muita cautela e responsabilidade. Mas a verdade é que, infelizmente, o que não faltam são casos de divulgação de informações falsas que tiveram consequências bastante graves. Separamos alguns dos mais famosos no Brasil.
Fake News: Mulher acusada de sequestrar crianças para fazer ritual de magia negra em São Paulo
Consequência: Linchamento e morte da vítima
Fake News: Imigrante venezuelano acusado de assalto e violência a um comerciante brasileiro. As notícias informavam que o comerciante deixou de ser atendido pelo hospital porque a prioridade era o atendimento aos venezuelanos.
Consequência: Ataques aos acampamentos dos imigrantes venezuelanos
Fake News: Vacinas são prejudiciais à saúde
Consequência: Aumento dos casos de Sarampo no Brasil. Criação de campanhas pró-vacinação feitas pelo Ministério da Saúde
Fake News: Distribuição de Kit Gay nas escolas públicas do Brasil em 2016
Consequência: Discursos de ódio deram espaço para a homofobia.
Por ter um aspecto viral e normalmente apelar para as emoções das pessoas, as fake news, depois de produzidas e divulgadas, se espalham muito facilmente através das redes sociais.
O processo de produção das fake news pode acontecer de diversas formas diferentes, mas normalmente grupos de grande influência (política, econômica, mediática, etc ) com um interesse específico contratam equipes especializadas (profissionais da comunicação, informática, investigação, entre outros) para criar e enviar conteúdos falsos através da Internet.
Os passos podem variar, mas em geral o processo é o seguinte:
? Investimento numa tecnologia segura, com uso de aparelhos e plataformas de difícil rastreio para a produção e compartilhamento das fake news;
? Acesso (muitas vezes irregular) aos dados pessoais dos individuos (compra de email, número de telefone,...);
? Criação de perfis falsos com cores, logos e ideologia alinhada com a instituição, empresa ou pessoa que se deseja beneficiar;
? Interação com seguidores nas redes sociais. Publicação de notícias inicialmente verdadeiras para ganhar a confiança do público e em seguida compartilhamento de material falso (manipulação de imagens, produção de notícias mentirosas).
Identificar as fake news não é tarefa fácil. Muitas iniciativas têm sido feitas no sentido de combater as notícias falsas, e uma delas são os sites de fact checking, dedicados a confirmar a veracidade das informações compartilhadas na Internet. Alguns dos principais sites de checagem de fatos no Brasil são:
Ler as notícias com um olhar crítico e tomar alguns cuidados simples também pode fazer toda a diferença. Textos com muitos erros ortográficos e exagero nas exclamações, títulos sensacionalistas, falta de fonte dos dados podem ser alguns dos indicadores de notícias falsas. Também deve-se desconfiar de notícias que não foram divulgadas em nenhum outro veículo de comunicação, e de sites que tenham nomes muito parecidos com outros já existentes.
É importante lembrar que o combate das fake news é responsabilidade de cada um. Verificar as informações antes de compartilhá-las é essencial para construir uma sociedade informada e justa.
Fonte: A Voz da Região / HIPERCULTURA