Sou um militante social e convivo no dia a dia com trabalhadores e trabalhadoras que moram nas comunidades da região Metropolitana de Porto Alegre, bem como viajo com frequência para o interior gaúcho. Acompanho mudanças que ocorrem na vida dessas comunidades nesse período pós-governo Dilma. As mudanças, asseguro a vocês, não são pequenas, na medida que alcançam diversos aspectos do dia a dia da vida das famílias.
É evidente que essa percepção é reforçada pelos fatos que já não são mais isolados, mas, se acumulam nas nossas famílias, nos vizinhos, amigos, colegas, enfim, transeuntes que encontramos no mercado, no comércio. Não é mais possível fazer um churrasco e chamar a família para comer junto no final de semana, pois, o preço da carne alcançou a estratosfera dos preços, assim como os demais alimentos. Quando vamos ao mercado encontramos os preços nas alturas. De fato, a inflação corroeu nossa capacidade de compras e diminuiu nossa qualidade de vida.
Leia também: Fome se alastra no Brasil: 6 em cada 10 famílias não têm acesso pleno a alimentos
Todos os dias ouvimos que não há remédio na farmácia do posto de saúde, não tem professor na escola e, quando tem, falta motivação, falta perspectiva. Enfim, estamos vivendo um momento que nossas portas são cada vez mais procuradas por pessoas na busca dos alimentos, precisando de um rancho, de um gás, de um trocado para comprar leite para os filhos. O desemprego tornou-se um carrasco na vida do nosso povo, punindo aqueles que têm uma baixa escolaridade, bem como aqueles que também, já formados, não encontram um espaço para desenvolver a profissão escolhida.
Os dramas não são mais pessoais, são familiares, pois, muitas famílias, praticamente estão desempregadas. Realmente a crise saiu das análises estatísticas e entrou definitivamente nas nossas panelas. Cada vez é mais escasso o acesso aos alimentos, aos bens e serviços, pois os aumentos na energia, aluguéis, combustíveis, água e outros tiram completamente nossa capacidade de garantir para grande maioria da nossa população a dignidade como fundamento da existência de uma sociedade.
Saiba mais: 77% das famílias estão endividadas; mais de 28% estão inadimplentes
Para elucidar esse cenário com mais substância vou me socorrer de uma pesquisa que foi realizada pela CNI (Confederação Nacional das Industriais - sindicatos dos patrões). O resultado aponta que para 45% da população brasileira a prioridade número um do governo deve ser o combate à pobreza, 31% defendem o aumento do salário mínimo e 28% anseiam pela queda da inflação. Foram ouvidas 2.016 pessoas em todos os estados e no Distrito Federal em março de 2022.
A preocupação com o custo de vida e a perda do poder de compra tomou o lugar de prioridades mais tradicionais como saúde, educação e segurança. A economia é o tema que mais tira o sono da população atualmente. O combate à corrupção foi assinalado por 23% dos respondentes, seguido por geração de empregos (21%). Apenas um quinto dos brasileiros consideram a educação prioridade, 18% elegeram o combate à pandemia e 12%, os serviços de saúde. O tema segurança e combate à criminalidade recebeu a menção de apenas 5% da população. A crise realmente saiu do discurso e entrou nas nossas panelas.
:: No Brasil, quem recebe salário mínimo trabalha metade do mês ou mais para comprar cesta básica ::
Fico então a me lembrar do fatídico discurso da ex-presidenta Dilma Rousseff, por ocasião da sua saída da Presidência da República, quando afirmara que o golpe que estava sendo dado a pretexto de acabar com a corrupção, não era contra ela, era contra o povo brasileiro, contra a qualidade de vida da população, contra nossos empregos, contra as riquezas que estão sendo drenadas para fora do nosso país. Os ricos estão cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres.
Para finalizar, percebo também nessas minhas andanças que há um braseiro sendo acesso através dos ventos da mudança. A esperança está voltando e não por acaso o ex-presidente Lula é identificado por todas as pesquisas como líder. Lula dialoga com essa realidade como nem um outro político em nosso Brasil e aqui no nosso Rio Grande amado, o Edegar Pretto está em sintonia com essa realidade, assumindo o compromisso de atacar centralmente o combate à fome.
Aprofunde-se: O Brasil e a escassez: o que os momentos históricos de carestia nos ensinam?
Todas as outras questões são relevantes, porém, não é suportável, tolerável viver com crianças que não têm o que comer. Essa é a prioridade zero de qualquer governo que busque um país melhor, como uma nação responsável com a geração de emprego e renda. A luta não vai parar.
Fonte: A Voz da Região / brasildefato.com.br